‘Xógum: A Gloriosa Saga do Japão’: no universo do Japão feudal e dos samurais

No Japão dos anos 1600, tem início uma guerra civil que definiria o século. Mal havia começado o período Edo (1603), quando Lord Yoshii Toranaga (Hiroyuki Sanada) se vê aprisionado no castelo de seu clã rival, o Conselho dos Regentes. Ele usa sua influência política para lutar contra seus inimigos e, assim, manter sua própria vida e a de seus aliados. O destino do conflito muda quando um navio naufragado é encontrado em uma vila de pescadores próxima. Esse é o enredo principal de Xógum: A Gloriosa Saga do Japão (2024), no Disney+ e no Star+.

Anna Sawai interpreta Toda Mariko na série [Imagem: Divulgação/FX Networks]

A série é inspirada no romance best-seller de James Clavell e foi adaptada para as telas pela escritora Rachel Kondo e pelo roteirista Justin Marks. Apesar de apresentar personagens e eventos fictícios, a trama é baseada em acontecimentos históricos reais. Um dos destaques é a presença de um elenco predominantemente japonês, o que é inédito para uma produção americana. Além do protagonista Hiroyuki Sanada, também são estrelados Anna Sawai como Toda Mariko, Takehiro Hira como Ishido Kazunari e Cosmo Jarvis como John Blackthorne, dentre outros atores. O Sala 33 esteve presente na pré-estreia da série e assistiu aos dois primeiros episódios, que estão disponíveis nos streamings.

O encontro de um lorde japonês e de um navegante inglês

Os espectadores são ambientados à série de forma detalhista, já que aparecem diversos elementos representativos da época e da cultura milenar japonesa. Logo no início, é apresentada a tensão vivida por Lord Yoshii Toranaga, que é um poderoso bushō (senhor da guerra). O lorde, isolado no castelo de seus rivais do Conselho dos Regentes, está prestes a ter sua morte votada pelos inimigos e usa seu poder de negociação para não perder a vida. 

Hiroyuki Sanada (Lord Toranaga) também é o produtor da série [Imagem: Divulgação/FX Networks]

Em meio à disputa travada pelos clãs japoneses, um navio naufragado vindo da Europa é encontrado pelos arredores da região. Nele, um dos sobreviventes é John Blackthorne, um inglês de religião protestante que comandava a expedição com o objetivo de explorar territórios até então colonizados apenas pelos portugueses. Na série, fica evidente a influência da tradição católica de Portugal nos povoados de Kanto e Osaka, já que alguns habitantes usam crucifixos e fazem orações. Blackthorne logo é capturado e tratado como bárbaro pelos japoneses, que, por sua vez, apresentam dificuldades em entender o idioma falado pelo europeu.

Em uma época com poucos recursos de tradução e comunicação, o choque cultural, religioso e linguístico entre diferentes povos é interessante de ser observado. Essas divergências são exploradas de forma cômica na série, o que pode tirar risadas do público. 

Cosmo Jarvis, que interpreta John Blackthorne, também estrelou Persuasão (2022) e Peaky Blinders (2013) [Imagem: Divulgação/FX Networks]

Ao saber do navio naufragado, Toranaga logo pede para ter uma conversa com Blackthorne. A partir de então, os caminhos do guerreiro japonês e do capitão da embarcação se conectam com a ajuda da tradutora Toda Mariko, uma mulher segura, determinada e leal ao lorde Toranaga. Com informações geográficas e segredos confidenciais, o inglês ajuda o lorde a alterar os rumos do seu confronto com o Conselho dos Regentes. 

Para diversos públicos

A série pode parecer bastante atraente aos espectadores que gostam de enredos de ação e cenários de guerra, mas também deve despertar o interesse de outros públicos por tratar de conflitos culturais, históricos, familiares e até pessoais. Xógum: A Gloriosa Saga do Japão é produzida pela FX Productions e vem como uma acertada aposta do Disney+ e do Star+

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Autora: Mirela Costa.

Fonte: Jornalismo Júnior/USP.