Como a presença dos portais de emprego impacta os processos seletivos?

Portais de emprego hoje em dia são os principais meios de garantir um trabalho ou estágio por seu sistema organizado de agilização de processos seletivos.

Muitas pessoas buscam por seus empregos dos sonhos, estágios, uma renda extra ou, até mesmo, um freela. Entretanto, não é tão fácil assim. Dentre centenas de candidatos, você precisa ser o mais qualificado para essa vaga em processos seletivos que vão colocar seus conhecimentos em prática. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em maio de 2023 a taxa média de desemprego do trimestre se encerrou em 8,3%, que representa cerca de 8,9 milhões de brasileiros.

Com essa massiva onda de desemprego, milhões buscam modos para garantir sua renda, seja com pequenos negócios, entregas por meio de aplicativos, trabalhos de curto prazo ou procurando novas vagas. Ao longo do tempo, diversos portais como Catho, Gupy e InfoJobs, por exemplo, acabaram surgindo para facilitar não apenas a procura de empregos, mas também agilizar seus processos. Com a pandemia da covid-19, que acometeu o mundo no ano de 2020, esses portais de emprego ganharam força em um contexto de ondas de demissões. 

Funcionários e empresas tiveram que se adaptar a um novo modelo de trabalho, envolvendo o mundo digital, abrindo portas para trabalhos home-office, além da adesão de processos seletivos online. Essa mudança brusca não foi fácil para a maioria das pessoas e alterou o futuro do mercado de trabalho no país, segundo o Headhunter Vitor Brilhante, 24, com quase quatro anos de experiência no ramo de recursos humanos. 

Vitor conta que a maior dificuldade foi a adaptação dos funcionários ao digital. Essa mudança restringiu os hábitos sociais das pessoas, que estavam acostumadas com uma rotina de trabalho, modificou seus horários e, principalmente, o modo como realizavam as suas tarefas. Com essa necessidade de adaptação, as ferramentas tecnológicas cresceram, e os portais de emprego, como Linkedin, Catho, Gupy e Infojobs, que buscam trabalho através da internet usando processos seletivos online, se popularizaram. 

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Foto: Grupo Previne

COMO OS PORTAIS DE EMPREGO FUNCIONAM?

A Catho é uma empresa 100% online que atua no ramo desde 1977 e começou suas atividades online há mais de vinte anos. O site atua como um mural para que pessoas possam procurar emprego de forma gratuita, e conta também com uma opção paga. Nela, é possível assinar um plano que dá vantagens ao candidato quando se trata de visibilidade. O mesmo processo funciona para empresas que pretendem divulgar suas vagas.

Segundo o site da empresa, cargos de auxiliar administrativo, recepcionista, assistente administrativo, advogado, vendedor, enfermeiro e engenheiro civil estão dentre os mais pesquisados recentemente.

A Gupy atua como uma ferramenta de seleção com tecnologia de ponta e um ecossistema de soluções que inclui Recrutamento e Seleção, Admissão, Educação Corporativa, Clima e Engajamento. A empresa tem como objetivo facilitar os processos seletivos por meio de um programa interno. Você cria seu currículo na plataforma e responde perguntas específicas da empresa, dentre as quais podem ser de caráter eliminatório, agilizando o processo nas áreas de recursos humanos. Dependendo da instituição, seus dados podem ser guardados para uma próxima seletiva. A Gupy também oferece testes de personalidade e até mesmo de português aos candidatos que participarem da entrevista.

Pertencente ao grupo Redarbor, o InfJobs é o terceiro maior no segmento mundial e o maior na América Latina. Com 18 anos de existência no mercado, o foco do portal é oferecer ferramentas avançadas para processos seletivos de recursos humanos para agilização dos processos. Além disso, busca proporcionar o melhor para os candidatos também, com a vantagem de poderem se cadastrar ou salvarem seus currículos de forma gratuita. O portal tem mais de dez milhões de downloads na Play Store atualmente. 

QUAIS OS IMPACTOS ESSES PORTAIS TROUXERAM? 

Com o crescente desenvolvimento da tecnologia é possível notar a mudança do recrutamento presencial para o online. Portais de emprego são capazes de facilitar os processos seletivos por meio da Internet e da inteligência artificial para aprimorar o recrutamento e seleção de possíveis funcionários e promover a automatização de funções manuais. 

Após a pandemia, as empresas foram forçadas a adaptar seus processos de recrutamento com entrevistas, testes e aplicações para vagas que não puderam mais ocorrer de forma presencial. A digitalização desse processo, entretanto, deixou de ser uma solução momentânea e passou a ser vista como forte aliada estratégica, uma vez que, quando as empresas aplicam o processo 100% online, encontram profissionais de todo o país e economizam tempo na seleção de talentos.

Em entrevista ao portal “Rockcontent”, Mariana Dias, CEO da Gupy, reflete o papel da tecnologia nesse processo: “A cultura das empresas têm se modificado muito rápido. Existe uma adaptação nesse momento para o online, mas há também algumas mudanças, e a inteligência artificial vem com um suporte para detectar essas modificações e fazer ajustes já no processo seletivo”.

Nesse sentido, o recrutamento tem migrado de forma cada vez mais frequente para o modelo digital para suprir essas necessidades estratégicas das empresas de forma ágil e eficiente, dando maior visibilidade aos candidatos e melhorando suas experiências de seleção.

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Foto: Pexels

QUAIS AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PROCESSO SELETIVO ONLINE?

Uma das principais vantagens da utilização dos portais de emprego está no seu poder de alcance. O recrutamento online  torna-se acessível para todos, podendo participar de qualquer lugar do mundo, sem precisar se locomover e gastar dinheiro. Além disso, esse modelo otimiza o tempo das duas partes. Para a empresa, existem filtros que podem ser utilizados para encontrar pessoas que se adequam aos pré-requisitos que o recrutador procura para determinada vaga, facilitando o processo de triagem do RH. Para os candidatos, ocorre a democratização do acesso a diversas vagas de emprego, pois as distâncias geográficas deixam de ser uma barreira. 

Entretanto, o recrutamento através das portais online possui algumas desvantagens. É possível observar, em alguns casos, o menor interesse e atenção de candidatos nesse modelo. Por não estarem familiarizados com esta metodologia, podem se dedicar menos aos testes e às etapas dos processos seletivos, resultando em informalidade no processo, diminuindo as chances do candidato. Outro fator que muitos usuários desses portais costumam sentir falta é o contato humano, uma entrevista ou processo seletivo online pode causar impessoalidade, podendo afetar a relação que o recrutador tem com candidato.

EXPERIÊNCIAS DOS CANDIDATOS COM OS PORTAIS DE EMPREGO

As plataformas ajudaram Vinícius Fulas, 18, estudante de Publicidade e Propaganda, a ingressar no mercado de trabalho. O jovem conta que garantiu uma vaga por meio da plataforma InfoJobs, de forma muito fácil e ágil, pois realizou o processo seletivo em sua casa de forma online. Sobre o tempo de espera após o processo seletivo, foi relatado cerca de 2 meses para ser aprovado e convocado para o cargo. Vinicius diz ser a favor do uso dos portais e recomenda o mesmo para outras pessoas, pois acredita ser uma ferramenta que possibilita o acesso a oportunidades de forma prática e simples. Um dos conselhos que ele oferece é sempre ser transparente e honesto na hora de preencher os requisitos necessários, fornecendo informações verdadeiras sobre suas habilidades e conhecimentos.

Por outro lado, o estudante de jornalismo Felipe Sales, 19, diz não ter tido uma experiência muito boa com essas plataformas, mais especificamente como a Gupy e a Catho. Segundo o estudante, os processos da Gupy são incoerentes e absurdos, desde o critério de avaliação até os testes fornecidos pela plataforma. Além disso, Sales ressalta que muitos processos seletivos demoram para dar o feedback ou nem sequer atualizam os status do processo. “É horrível. No começo você passa a criar expectativa de que seja selecionado por causa da demora, eu pelo menos achava que a empresa estava sendo criteriosa, mas, depois de meses sem resposta, você percebe o quão ineficiente essas plataformas são”, diz. 

Felipe recomenda que aqueles na busca por uma vaga optem pelo Linkedin. “O LinkedIn te permite ter um contato direto entre candidato e empregador, sem processos seletivos automatizados. É mais direto e personalizado, te sugere vagas que podem se encaixar no seu perfil”, complementa. 

ENTÃO COMO SE SAIR BEM NOS PROCESSOS?

Para Vitor Brilhante, muitas pessoas resolvem se inscrever em uma vaga apenas pelo salário e, segundo o Headhunter, isso seria um erro. Ele diz que antes de se candidatar em algo é muito importante perceber a empresa em que quer trabalhar e, a partir disso, ao invés de disparar diversos currículos em várias vagas, buscar informações sobre o lugar. “Depois disso eu acho que naturalmente a tendência é você encontrar algo que bata com o seu perfil, pô. É muito melhor do que do que você ficar lutando para se provar para uma empresa que às vezes não é tanto seu perfil, né?”.

Além disso, Vitor deixa um conselho para aqueles que procuram vagas. 

“Se você quer ser mais assertivo, tem algumas coisas que posso comentar. A principal delas é acertar no currículo. Muitas pessoas montam seu currículo de forma exagerada, com muitas cores, com barrinhas de qualidades e fontes diferentes. E, sinceramente, quem está trabalhando nessa parte de seleção quer objetividade, precisa ter as informações básicas, como seu histórico, habilidades e o que você busca em tal empresa, por exemplo. Não precisa inventar mais do que isso, seja sucinto com informações reais e monte um currículo sem inventar moda.”

Fonte: Cásper Líbero.

Autores: Felipe Ockner, Gustavo Calmon e Lucas Marra.