Projeto Música sem Fronteiras, parceria entre a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Associação de Migrantes Indígenas de Roraima (AMIR), promove educação musical para crianças e adolescentes.
“Assim como o amor não tem fronteiras, a música também não tem”, resume o músico Santiago Valentin.
Da etnia indígena Pemón-Taurepang, da Venezuela, Santiago é um dos jovens monitores do projeto Música sem Fronteiras, parceria entre a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Associação de Migrantes Indígenas de Roraima (AMIR). A iniciativa promove educação musical para cerca de 300 crianças e adolescentes em Boa Vista e Pacaraima. O foco do projeto é disseminar a educação musical, ressaltando a música como ferramenta de integração para crianças e adolescentes e a inclusão da população que vive nos abrigos, alcançando venezuelanos e brasileiros, refugiados e migrantes, indígenas e não indígenas.
“O projeto Música sem Fronteiras busca expandir nosso alcance musical para chegar ao maior número de lugares possível, pois a música é como o amor, e devemos compartilhar”, completa Santiago, que toca o violoncelo.
Além das técnicas musicais, a iniciativa oferece aos participantes refugiados e migrantes ferramentas para desenvolver talentos, fazer amizades e fortalecer o processo de inclusão junto às comunidades de acolhida. Nesse sentido, Santiago defende que a música, para além do aprendizado, permite às pessoas expressarem sentimentos e ideias.
“Por meio da música, podemos saber como as pessoas estão”, explica Santiago.
A aluna Rosa Angélica, 13 anos, concorda. Além de cantar e tocar violão, ela afirma ter aprendido a ser disciplinada e paciente. “Eu nunca tinha me inscrito em uma escola de música, esta é a minha primeira vez. Eu estou me sentindo verdadeiramente muito bem”, diz. A jovem e os colegas também têm desenvolvido questões como a melhora da autoestima e da capacidade de expressão.
Todos os dez monitores do projeto, como Santiago, são indígenas da etnia Pemón-Taurepang que integram a Orquestra Jovem Indígena da AMIR, e têm formação prévia em música e treinamento em pedagogia. O projeto segue métodos próprios, com princípios pedagógicos indígenas, como interculturalidade, multilinguismo e educação comunitária. Por isso, as aulas são guiadas por quatro aspectos orientadores: habilidades sociais de comunicação e trabalho em equipe; direitos humanos e cidadania; resolução pacífica de conflitos; e igualdade de gênero.
O projeto também tem incentivado as crianças a planejarem um futuro e feliz. Rosa afirma que pretende continuar estudando música para transformar sua paixão em profissão.
“Eu amo isso. O que eu quero para mim é a música, quero me profissionalizar, quero continuar estudando e quero isso para o meu futuro”, diz Rosa.
Música Sem Fronteiras
A AMIR é formada por pessoas indígenas refugiadas e migrantes do grupo étnico Pemón-Taurepang da Venezuela. O projeto Música sem Fronteiras se constitui como a primeira parceria firmada pelo ACNUR com organizações lideradas por pessoas refugiadas e migrantes por meio de um acordo de subsídio simplificado. Dessa forma, o ACNUR assegura que os recursos financeiros sejam diretamente direcionados aos refugiados, incentivando o protagonismo da população afetada em sua própria jornada de integração.
As contribuições de vários doadores – incluindo governos, instituições e indivíduos – permitem que o ACNUR siga trabalhando em prol das pessoas refugiadas e de outras deslocadas à força. Particularmente, aqueles doadores que fornecem financiamento flexível e apoio plurianual facilitam que o ACNUR aloque os recursos da melhor forma, seja na resposta emergencial ou nas intervenções mais voltadas para a inclusão e a busca de soluções, como o Música sem Fronteiras.
Fonte: ACNUR.