Referências a designs e coleções anteriores dão o tom nas principais fashion weeks, narrando o passado da moda.
Semanas de moda, as conhecidas fashion weeks, são a oportunidade ideal para as marcas apresentarem suas coleções. As de Nova Iorque, Londres, Milão e Paris recebem grandes nomes da indústria em todas as suas edições. Esses desfiles têm o propósito de exibir o trabalho de marcas e casas a convidados de peso, jornalistas e outros designers. Peças de roupa, acessórios, jóias e calçados são mostrados em um modo teatral, onde, do convite ao cenário, tudo é pensado para funcionar em um contexto de coesão e narrativa da coleção.
A primeira fashion week formal da história aconteceu em Nova Iorque, em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, como um refúgio opcional da moda francesa durante o período de crise. Além disso, a fundadora Eleanor Lambert a criou como uma forma de Press Week, reunindo os principais profissionais e comunicadores de moda para divulgar suas criações. Ou seja, 80 anos depois, os desfiles anuais ainda têm como principal objetivo divulgar os designs à imprensa, aos estilistas e aos compradores, mantendo o viés econômico, sem deixar a parte da arte de lado.
Paris começou a sediar desfiles de alta costura em 1945, mas só foi institucionalizada uma semana de moda oficialmente em 1973, depois de Milão, que teve a sua sanção pela Câmara de Comércio Italiana em 1958. Londres foi a última das grandes cidades a ter uma semana oficial, sendo implementada apenas em 1984.
A moda é formada por narrativas que reverberam na construção de cada design visto nas passarelas. Para a historiadora Vanessa Beatriz Bortulucce, a moda está intrinsecamente ligada ao contexto histórico no qual ela está inserida. “Ela faz parte da cultura, é um código identificatório e um suporte comunicativo. Então merece toda atenção e todo estudo como qualquer área das ciências humanas”, diz.
Sendo assim, é preciso olhar as Fashion Weeks como construção da narrativa de uma história, seja ela sobre a vida do designer ou sobre os acontecimentos da época.
A viagem dos diretores criativos ao passado
A moda, como conhecemos, é uma expressão autoral. Quando as marcas trazem criações próprias, baseadas em elementos criativos marcantes, elas estabelecem uma forte sintonia com o público. Assim, é por meio desta conexão que as marcas de alta-costura se perpetuam no mundo da moda – sempre se reformulando para se manterem condizentes ao seu tempo.
Um exemplo claro é a criação dos elementos visuais marcantes da Chanel, que foram fortemente influenciados pela história pessoal de Coco Chanel, sua criadora. Com apenas 12 anos, enfrentou a morte de sua mãe e a ausência de seu pai, que trabalhava como vendedor de roupas. Assim, Coco foi para um orfanato e começou trabalhar na roça, da onde tirou inspiração para sua marca.
Em suas criações, Coco Chanel absorveu a estética minimalista e o preto e branco das vestimentas das freiras. Até mesmo o tradicional logo da marca estava nos vitrais da abadia – local que abriga uma comunidade religiosa monástica. Assim, a identidade de uma marca é permeada de ligações com as vivências de seus criadores e diretores criativos.
Além disso, a reformulação das coleções de marcas tradicionais no mundo da moda, no desenvolvimento de cada uma das novas coleções ao longo do tempo, deve se manter fiel às suas identidades – visuais e de criação – que as consolidaram no mercado. “Desde sempre, as marcas tiveram essa ideia de olhar para frente, sem deixar o passado da marca para trás, reinterpretando seus designs”, reforçou a diretora de radação da Marie Claire, Maria Rita Alonso.
Vemos isso com a Gucci, que nasceu nos anos 20 como uma marca de lenços e de malas, e que se consolidou no universo fashion da alta costura com designs e produções de roupas e acessórios. Quando o estilista Tom Ford assumiu a direção criativa da marca, ele utilizou a estética minimalista, sensual e poderosa, já estabelecida como recurso de seus designs.
Com isso, é possível perceber que, para estudar a moda atual, é preciso relembrar a sua história. Inicialmente, a roupa começou a ser fabricada apenas como uma forma de cobertura e proteção e só depois evoluiu como um artefato simbólico, seja nas batas dos padres ou nas roupas da nobreza, como os trajes específicos nos bailes de salão.
Da mesma forma como atualmente os modelitos são analisados pelas fotos, as roupas antigas são analisadas pelas pinturas, como pontuou Vanessa Bortulucce. “Na parte antiga da história, nós temos que recorrer às pinturas, aos afrescos, porque só assim temos uma ideia de como uma mulher se vestia na Roma antiga. Porque eu não tenho mais a peça de roupa, então é sempre pensar numa abordagem interdisciplinar e entender que tudo comunica aquela sociedade”, mencionou.
Outro ponto importante para entender a moda atual e a antiga é compreender as suas classificações, características e diferenças como as roupas de alta costura e aquelas conhecidas como ready-to-wear.
Prêt-à-porter e Haute Couture
A moda institucional é comumente dividida em diferentes categorias. Em função disso, é essencial entender a terminologia que define esse ramo da arte e os seus propósitos interpretativos para designers e compradores de grandes marcas. Os dois principais vocábulos da área são “Haute Couture” e “Prêt-à-porter”, termos configurados pela língua francesa que marcam a divisão entre opostos meios de produção.
Haute Couture significa, em tradução literal, alta costura. Sua demanda criativa e física faz com que exista uma forma de exclusividade dentro da comunidade da moda em relação ao meio. Para que uma marca possa apresentar uma coleção de alta costura, a mesma deve ser avaliada pela Fédération de la Haute Couture et de la Mode – em português, a Federação da Alta Costura na Moda. O sindicato analisa se a marca se encaixa nos padrões de excelência que demanda o meio, demonstrando grandeza criativa e técnica.
Após ser exibida para o mundo, as composições feitas por costureiros artesãos nos respectivos ateliês das marcas serão feitas apenas sob encomenda e medida do cliente; a mão de obra qualificada explica a alta qualidade das peças e o alto preço também. O Haute Couture é exclusivo para cerca de apenas 4 mil compradores no mundo inteiro atualmente.
Ja Prêt-à-porter é, atualmente, mais conhecida como “ready-to-wear” ou, em português, “pronto para o uso”. O termo é utilizado quando se trata de roupas de grife e de alta qualidade, produzidas em fábricas.
Por mais que não sejam fabricadas necessariamente em escalas massivas, como no fast fashion, o RTW tem uma faixa de preço ampla e mais acessível do que a alta costura, além de trabalhar com tamanhos padronizados.
As referências nas fashion weeks 2023
As viagens ao passado das marcas estiveram muito presentes nas quatro semanas de moda internacional (Nova Iorque, Londres, Milão e Paris) que apresentavam as coleções de 2024. Segundo Maria Rita Alonso, isso acontece todo ano para afirmar a identidade da marca. “O legado, para qualquer marca comercial no mercado capitalista, é essencial para a construção de uma clientela fiel e também para o entendimento de identidade de uma firma para com o público”, diz.
Surrealismo e Schiaparelli
A Schiaparelli é uma maison – inicialmente de alta costura – fundada em 1927 pela italiana Elsa Schiaparelli. O estilo da casa foi concretizado junto com os primórdios do movimento surrealista e foi influenciada pelas características do gênero. A estilista e o artista Salvador Dalí – renomado dentro da vanguarda surrealista – foram grandes colaboradores e trabalharam em diversos projetos juntos. Desde então, a marca passou por dificuldades financeiras e criativas, e só voltou a apresentar uma coleção concreta em 2014, a primeira desde seu decreto de falência no fim da década de 50.
Em 2019, o americano Daniel Roseberry foi apontado como diretor criativo da Schiaparelli, fazendo-a voltar a chamar a atenção da mídia mainstream. Desde então, a singularidade mais estimada de Roseberry é o apreço do artista pela excentricidade surrealista de Elsa Schiaparelli. Deste modo, acaba sempre trazendo referências celebrativas da trajetória de Elsa e, ao mesmo tempo, portando um senso de originalidade artística, com foco na mistura do extravagante com cores neutras e com riqueza detalhista.
O desfile da Schiaparelli exibido na Paris Fashion Week deste ano não foi diferente. A coleção Primavera/Verão, assinada por Roseberry, seguiu com um padrão essencial da combinação entre os motes de humor e a elegância da marca.
O vestido de esqueleto
O vestido de esqueleto – no centro da imagem abaixo –, assinado por Elsa Schiaparelli, em 1938, é umas das mais famosas criações da estilista. A peça, inicialmente idealizada pelo surrealista Salvador Dalí, foi entregue para a artista por meio de uma nota com o esboço da criação e com uma anotação que dizia: “Querida Elsa, gosto muito dessa ideia de ‘ossos por fora’…”. O vestido foi exibido na coleção Le Cirque.
A mais nova coleção Primavera/Verão de Schiaparelli referenciou, de forma evidente, a peça de 1938 em duas instâncias do desfile. A primeira aparição dos motifs de esqueleto foi de maneira mais sutil, com a ressalva dos ossos da caixa torácica em uma blusa sem mangas de gola alta. Já a segunda amostra é uma reinterpretação do vestido quase idêntica à original, mas na configuração de um collant.
Para a historiadora da moda Sediana Rizzo, os diretores criativos viajam para o passado para buscar interpretações e referências para as criações de suas marcas, podendo recorrer às silhuetas características de determinado período, por exemplo – como a reformulação do tradicional vestido de esqueleto da Schiaparelli.
A lagosta
Em 1936, Salvador Dalí exibiu um objeto artístico constituído pela conjunção de um telefone e de uma lagosta de plástico, dois artefatos de naturezas muito diferentes. Logo, o “telefone de lagosta” se tornou um fenômeno por encapsular os ideias do surrealismo.
Um ano depois, a colaboração mais celebrada entre Elsa Schiaparelli e Salvador Dalí foi exibida. O “vestido de lagosta” – no centro da imagem abaixo – é composto pela pintura de uma lagosta rodeada por ramos de salsa feita pelo artista espanhol, estampada em um vestido de organza off white. A veste foi imortalizada pela duquesa de Windsor, Wallis Simpson, em uma sessão de fotos para a Vogue.
O diretor criativo, Daniel Roseberry, referenciou a lagosta na nova coleção da marca, algo que ele mesmo prometeu não fazer em 2019, por ser uma alusão muito óbvia. A referência estave presente em uma saia de cor marfim drapeada com a aplicação do animal artificial tridimensional e em um grande colar dourado, que contrasta com o veludo do vestido preto, marca registrada da Schiaparelli de Roseberry.
O amor de irmão: Donatella e Gianni Versace
Versace é uma das mais famosas grifes italianas do mundo. Gianni Versace fundou a marca em 1987, na cidade de Milão, e estabeleceu seu negócio com grande apoio de seus irmãos, Donatella e Santo, visto que ambos trabalhavam na instituição desde sua fundação.
A casa ficou rapidamente conhecida por seus cortes sensuais e estampas ousadas. A atual diretora da Vogue, Anna Wintour, notoriamente disse que “Armani veste as esposas, Versace veste as amantes”.
Em 1997, Gianni foi assassinado em frente a sua mansão em Miami e todo o legado da Versace foi dividido entre seus irmãos. A direção criativa foi entregue para sua irmã, Donatella, que, desde então, tem controle dos designs exibidos para o mundo.
Há 26 anos, um padrão distinto da direção artística de coleções da Versace é a homenagem às antigas criações de Gianni, o criador da marca. A nova coleção não foi diferente, já que Donatella constatou em entrevista que, para este novo desfile, a mesma se inspirou no trabalho de seu irmão de 1995. “Achei que parecia moderno e contemporâneo”, declarou ela.
O uso de cores pastéis e a inspiração direta aos anos 60 são aspectos essenciais para a construção elementar das coleções, assim como o uso da padronização quadriculada.
Paralelamente às referências estilísticas, um dos momentos mais monumentais da nova coleção foi a volta de Claudia Schiffer às passarelas – uma das modelos consideradas como musas de Gianni Versace. Claudia, nascida em 1970, foi uma das supermodelos mais bem sucedidas dos anos 90 e é considerada um dos principais rostos da Versace até hoje. Aposentada desde 2002, ela só havia feito uma aparição nas passarelas desde então, em 2017, também para a marca. Desta vez, a modelo fechou a coleção usando um vestido longo que remete ao padrão usado pela mesma em 1995, no desfile do Atelier Versace, alfaiataria da casa.
YSL e a elegância atemporal
Saint Laurent é, na atualidade, uma das marcas de luxo mais apreciadas por sua elegância e por suas peças icônicas – como o terno feminino e os vestidos em formato de A. Embora Yves tenha falecido em 2008 de um terrível câncer cerebral, Anthony Vaccarello (diretor criativo da marca desde 2016) segue prestando homenagens à suas criações até hoje.
No desfile ready-to-wear de 2023, na Paris Fashion Week, Anthony focou na essência da marca com jaquetas, cores terrosas e neutras, cintos e vestidos mais fluidos. Segundo ele, a ideia era deixar apenas o necessário e trazer uma tela em branco para um novo capítulo da marca.
Além do posicionamento do diretor, a inspiração nas antigas criações de Saint Laurent também é explícita nas roupas. Uma coleção em particular que se destaca na semelhança com a Spring/Summer RTW 24 é a Spring/Summer haute couture de 1969. Conjuntos de trench coat e calça, macacões, blusas com transparência, lenços na cabeça, camisas mais pesadas e saias midis estruturadas são algumas dessas similaridades.
Dentro das inspirações, Vanessa Beatriz Bortulucce ainda pontuou como marcas como YSL também as procuram em outros âmbitos estéticos e artísticos. “Quando você fala de Schiaparelli ou do Saint Laurent, foram duas casas de moda diretamente e intimamente ligadas com arte. Schiaparelli muito surrealista. O neoclassicismo do Mondrian, a abstração do Mondrian indo para o Saint Laurent”, exemplificou a historiadora.
O eterno jardim da Balmain
Pierre Balmain foi um dos designers que não pôde ver toda a glória que sua marca alcançou. Após sua morte, quatro designers passaram pela direção criativa da marca – entre eles, Oscar de la Renta – até chegar em Olivier Rousteing, em 2011. Oliver foi o segundo diretor mais jovem a assumir uma grande maison, tendo apenas 25 anos (perdendo apenas para Yves Saint Laurent, que assumiu a Dior aos 21 anos).
Ainda na Paris Fashion Week deste ano, Oliver trouxe para a marca um jardim florido que também foi sucesso na Balmain nos anos 50. Flores em tudo, vestidos tomara que caia com saias bufantes e uma estética bem feminina são elementos presentes em ambas as coleções. A maior diferença é que, neste ano, o diretor quis trazer um ar moderno para este jardim, acrescentando blazers justos, brilhos, estruturas diferentes e até flores coloridas e transparentes.
Sobre a viagem do Vestido florido da Balmain, Maria Rita Alonso afirma que ele tem um aspecto moderno e muito jovem, que trabalha, de certa forma, com a ideia das redes sociais, trazendo um link com as grandes celebridades e influenciadoras, assim como com a estética feminina. Ainda, reforça a ideia de que a moda prezou muito tempo pela exclusão e a imposição dos padrões estéticos. “Os padrões estéticos vão mudando, a moda se abriu uma vez para essa diversidade de corpos e agora queremos voltar aos corpos magros e cabelos de chapinha”, comentou a editora.
Tom Ford e o seu legado
Tom Ford é, inegavelmente, um dos nomes mais conhecidos da moda de alta costura – seja por seu trabalho na Gucci ou, até mesmo, na marca que leva seu próprio nome. Em abril de 2023, o grande designer assinou sua última coleção para a própria marca, chamada “The Archive Collection”. A ideia desta era homenagear sua carreira e reviver peças icônicas antes de se aposentar. Até aí, o agrado ao público já era esperado, mas o que surpreendeu a todos foi a primeira coleção do novo diretor criativo Peter Hawkins.
Peter acompanhou de perto o trabalho de Tom por muito tempo. Foram 25 anos acompanhando as criações de Ford, desde a Gucci até a formação da marca. Embora Hawkings fosse já muito experiente – até fazia parte da criação masculina da “Tom Ford” – ele era um sujeito anônimo quando assumiu a marca e entregou, na Milão Fashion Week 2024, uma coleção nostálgica e, ainda sim, muito moderna.
Diferente do que muitos pensam, a coleção de Peter não foi uma segunda versão da “The Archive Collections”. Na verdade, o designer quis trazer à tona o DNA da marca, com aspectos icônicos e conhecidos, de uma maneira moderna e adequada para os dias atuais. Apesar de não ser uma homenagem explícita a Tom, fica nítida a inspiração e a admiração de Hawkins por seu mestre.
Falando das peças em si, podemos descrevê-las como sexy, elegantes e cheias de glamour. Fica claro um apego pelos anos 70 e pela elegância hollywoodiana da época. Vimos muito veludo, principalmente com camisas acetinadas, blazers com saia lápis ou calça reta, camisas abertas por completo (inclusive as transparentes), detalhes metálicos, as texturas de croco e até os brilhos. Essa coleção remete muito os trabalhos de Ford para Gucci em 1995 e 1996.
Maria Rita relembrou que foi Tom Ford quem inseriu a estética minimalista, sensual e poderosa na Gucci – que, originalmente, nasceu como uma marca de lenços. Enquanto isso, quando Alessandro Michele, estilista italiano, assumiu os designs da marca, apesar de se mostrar genial, não foi capaz de acompanhar o desejo da moda atual, o que refletiu em seu baixo número de vendas. A editora da Marie Claire, assim, associou esse fato à necessidade das marcas acompanharem o que está acontecendo com o nosso tempo, a fim de entenderem qual o desejo da juventude atual.
Ainda, a historiadora Vanessa Bortulucce acredita que a Gucci foi capaz de recuperar os elementos que eram vistos como ultrapassados. “O Alessandro Michele teve um olhar de brechó, do usado sem a parte ruim”, o que, para ela, fez com que a casa se tornasse uma das mais interessantes.
Estas referências podem continuar sendo vistas a longo prazo?
No decorrer destas breves viagens na história da moda, é possível perceber como ao passo em que os designers buscam sempre atualizar suas coleções com base no período vigente, também é corriqueiro que os mesmos se inspirem em produções passadas, trazendo um toque – nem sempre sutil – do clássico.
Assim, entende-se que a moda não é apenas um setor vinculado à produção de vestimentas e acessórios, mas é um ramo que desperta sentimentos, evoca memórias e traz lembranças. Para Sediana Rizzo, “A moda […] é quase que nem um cheiro, quase que nem um gosto. Quando você se depara com aquilo, você se remete para outro momento. Quando você se depara com elementos que a sua mãe usava, por exemplo, remete a alguma coisa. Às vezes, você nem sabe, mas é uma linha de afinidade”.
A moda torna-se, portanto, um grande diálogo entre as temporalidades, comunicando uma ideia e um posicionamento da marca e dos designers para o mundo. Apesar de se inspirarem no passado, as produções ainda seguem afirmando seus ideais no presente.
Deste modo, para Vanessa Bortulucce, essa busca por referências passadas é, praticamente, inesgotável, visto que muitas delas ainda nem foram descobertas. “Há sempre como você revisitar e construir novas propostas a partir do acervo que você tem. Até mesmo, quando uma grife encerra uma semana de moda, aquilo passa a ser história, então ela pode revisitar as próprias semanas de moda dela”, diz.
A historiadora também acredita que, além das grandes marcas, os indivíduos, consumidores das mesmas, escolhem uma narrativa e a carregam consigo. “Teu guarda-roupa é um pequenino livro de história, é o teu olhar que filtra a história e você faz as suas escolhas a partir do teu gosto. Mas você sempre tá fazendo referência à sociedade e à história”, comentou.
Autores: Beatriz Gatz, Fernanda Davi, Gabriela Braz, Gabriela Travizzanutto, Rafael Abibi, Isabela Munhoz e Sophia Baldi.
Fonte: Cásper Líbero.