Crianças refugiadas iniciam prática de tênis de mesa em centro de acolhida de Brasília apoiado pelo ACNUR

Projeto de iniciação esportiva é implementado por uma tríade de parceiros que envolve a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a organização Aldeias Infantis SOS e a Metodologia do mesatenista brasileiro Hugo Calderano, inserindo esta atividade no cotidiano das crianças venezuelanas abrigadas.

A surpresa era nítida nos olhos de quem acordou no dia 30 de setembro, de 2023, e viu cavaletes sustentando um tampo de mesa com a rede de ping-pong montada no espaço de recreação do centro de acolhida Aldeias Infantis SOS, em Brasília.

Essa iniciação esportiva voltada para o entretenimento de crianças refugiadas e migrantes oriundas da Venezuela que estão acolhidas na capital federal faz parte de um projeto piloto envolvendo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a parceira Aldeias Infantis SOS, organização que lidera o maior movimento de cuidado do mundo, e o atleta brasileiro Hugo Calderano, atual 5º colocado do ranking mundial e melhor tenista de mesa das Américas.

Cerca de 20 crianças venezuelanas que chegaram em Brasília acompanhadas de seus familiares por meio do programa de interiorização do Governo Federal, receberam informações e a começaram a praticar atividades de uma modalidade que ninguém havia jogado antes: o tênis de mesa, popularmente conhecido como ping-pong.

“Eu já tinha visto na televisão uma partida desta, mas não imaginava que fosse tão difícil acertar a bolinha. Acho que treinando bem, eu vou conseguir rebater a bolinha para o outro lado da mesa e fazer pontos assim”, disse Juan, de seis anos, sem deixar de segurar a raquete que lhe foi dada para o treino.

Com a proposta de avaliar a turma na primeira aula-treino, os professores da Metodologia Hugo Calderano propuseram uma série de atividades para assegurar que todas as crianças participassem para ter uma primeira experiência com a raquete e bolinha desta modalidade olímpica.

“A prática de atividades esportivas contribui efetivamente para o bem-estar físico e mental de seus participantes, qualquer que seja a modalidade e grau de iniciação nos esportes. No caso das crianças refugiadas que foram forçadas a deixar seus países de origem com seu pais e que estão abrigadas em diferentes parceiros do ACNUR no Brasil, participar de um projeto como este possibilita que elas possam aprender e se desafiar para que, pouco a pouco, possam alcançar seus objetivos na vida”, afirma Davide Torzilli, Representante do ACNUR no Brasil.

O encanto pela prática do tênis de mesa é ainda mais evidente quando o aprendizado se refere a pessoas que estão vivendo em um novo ambiente, aprendendo a um novo esporte e que requer posturas e percepções nunca antes exercitadas.

“Eu e toda a equipe da Metodologia Hugo Calderano estamos muito felizes de poder colaborar com o ACNUR e as Aldeias Infantis SOS por meio deste projeto. É uma alegria poder levar um pouco da nossa experiência e amor pelo tênis de mesa para as crianças e famílias venezuelanas que estão reconstruindo suas vidas no Brasil. E, principalmente, aproveitar essa oportunidade para compartilhar momentos de alegria e aprender juntos”, disse o campeão mundial Hugo Calderano.

Atualmente, a organização Aldeias Infantis SOS abriga 14 família em Brasília, totalizando 56 acolhidos entre adultos e crianças que vieram para Brasília com seus direitos garantidos, em busca de oportunidades para recomeçar suas vidas com dignidade. Todas as crianças residentes neste centro de acolhida financiado pelo ACNUR estão matriculadas na escola e após alguns meses de estadia, os adultos já começam a encontrar oportunidades de emprego formal.

“A prática de esportes, como o tênis de mesa, vai além de promover a saúde física e mental e busca unir pessoas de diferentes origens culturais e étnicas, criando um ambiente inclusivo. Ao abrir as portas para as famílias venezuelanas, a Aldeias Infantis SOS, em parceria com ACNUR, oferece a oportunidade de reintegrá-las em uma nova comunidade e de também enriquecer a nossa própria diversidade cultural”, Sérgio Marques, sub gestor Nacional da Aldeias Infantis SOS.

O ACNUR desenvolve diversos projetos que têm nos esportes diretrizes que facilitam o processo de convivência harmoniosa entre pessoas refugiadas e a sociedade de acolhida, facilitando a sociabilidade e o sentimento de pertencimento entre quem chega e quem está em centros de acolhimento e no entorno. Mais informações sobre as ações esportivas adotadas pelo ACNUR estão disponíveis na página www.acnur.org.br/esportes.

As atividades de tênis de mesa em Aldeias Infantis SOS serão continuamente implementadas em uma frequência a ser definida entre as entidades participantes e as pessoas refugiadas atendidas. Os portões da organização em Brasília estarão abertos, com a mesa azul instalada, para quem quiser participar do projeto e conhecer mais sobre os trabalhos de acolhimento feitos às famílias refugiadas e migrantes da Venezuela.

Fonte: ACNUR.