ACOLHIMENTO PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA, IDOSOS E ANIMAIS QUE SOFRERAM MAUS TRATOS SÃO FORMAS DE CARIDADE PRESENTES NOS PROJETOS
Hoje o Brasil conta com mais de 200 mil pessoas em situação de rua, a tragédia em São Sebastião deixou quase 700 famílias sem casa e pelo menos 2 milhões de crianças brasileiras estão fora da escola.
As estatísticas de pessoas que enfrentam dificuldades é extensa, e muitas ações da sociedade civil e de empresas existem para tentar cobrir uma falha do poder público. Elas vêm da organização da sociedade civil e de grandes corporações, como McDia Feliz, Criança Esperança e ABRINQ. Mas são muitos os projetos e ações que não contam com o apoio de grandes corporações ou de pessoas famosas.
Conheça 6 instituições pouco conhecidas que atuam no suporte aos moradores de rua:
BEM DA MADRUGADA
O Bem da Madrugada é uma organização que luta pela população que se encontra na rua e não possui vínculo político ou religioso. O objetivo principal é auxiliar na erradicação da fome, da miséria e do abandono, fornecendo itens de alimentação, higiene e vestuário para aqueles que necessitam e encontram-se às margens do alcance das autoridades, dos agentes públicos e da própria sociedade.
Já são ativos há mais de 20 anos, tendo prestado atendimento para mais de 45 mil pessoas, e contam com mais de 70 embaixadas espalhadas em cidades e estados no Brasil e sete fora do país. O projeto consiste em arrecadar fundos, logística, local para triagem e armazenamento dos itens a serem distribuídos.
Além da arrecadação de alimentos, bebidas, vestuário e utensílios higiênicos, buscam, também, ração para gatos e cachorros. Para cada departamento, possuem uma equipe, sem contar com o apoio comunicacional, de recepção, comerciais e operacionais.
A organização fornece o auxílio à população que se encontra na rua, levando esperança e amor para impactar tanto os assistidos, como voluntários, para que essas pessoas tenham oportunidades, se sintam acolhidas e mantenham a esperança de um dia seguinte melhor.
Teve sua origem a partir de um grupo de amigos que se reunia para fazer o bem, arrecadando alimentos e distribuindo após as aulas noturnas da faculdade.
“A inspiração de dar continuidade no projeto foi ver o quão as pessoas precisavam do acolhimento e essa conexão de mão dupla era o que motivava, porque a cada ação que a gente ia com objetivo de ajudar essas pessoas, a gente aprendia muito mais do que tinha para oferecer. A troca era sempre muito repleta de atenção, amor, carinho e gratidão”, diz Priscila Rodrigues, co-fundadora e responsável pela diretoria da ONG.
PROJETOS PERFEITOS E ESPECIAIS
ONG especializada no cuidado de gatos com necessidades especiais, vítimas de maus tratos extremos e abandono, e já transformaram a vida de mais de 1500 gatos, além de seus tutores.
O projeto foi registrado há dois anos, mas existe desde 2005, quando Patrícia, fundadora, perdeu seu primeiro gatinho, Nick, em decorrência de uma doença. A partir disso, inspirada no seu amor pelos felinos, iniciou o projeto que visa dar a eles a chance de vida que muitas pessoas e veterinários não dão.
Após fazer seu primeiro resgate, começou a ajudar, trabalhando em lares temporários, resgatando e doando animais. Hoje, abrigam 16 gatos paraplégicos, incluindo a Safira, vítima de estupro que foi a primeira gata paraplégica do mundo a estampar marcas conhecidas como Max Total, Pro Gato e Ouro Fino Pet.
Além de prestar atendimento constante a animais com esporotricose, cuidam de 9 mães abandonadas com seus filhotes, possuindo mais de 80 gatos doadores de sangue para o CEVET, auxiliando a vida de muitos outros gatos necessitados de transfusão. Além disso, ajudam no resgate de gatos clandestinos em parceria com a polícia ambiental, delegacias e polícia ambiental.
As campanhas são feitas em feiras de adoção, com divulgação da Cobasi nas redes sociais, e conseguiram doar mais de 2000 animais, sendo 400 só no ano passado e mais de 200 apenas neste ano. Atualmente, abrigam cerca de 150 gatos fixos na ONG, além dos filhotes que chegam para adoção.
“A luta é dura, mas a qualidade de vida dos animaizinhos, faz tudo valer a pena”, diz Patrícia.
ONG MADRINHAS DA VIDA
A organização não governamental Madrinhas da Vida é uma instituição sem filiação político partidária ou religiosa. Seu objetivo é capacitar, fortalecer e desenvolver a comunidade para construir uma vida estruturada e promissora, através do fornecimento de cestas de alimentos, roupas e móveis.
Localizados na região periférica do Campo Limpo, zona sul de São Paulo, contam atualmente com 40 voluntários e possuem 300 famílias cadastradas, incluindo 900 pessoas extremamente vulneráveis.
Além das cestas de alimentos para doação, também apresentam o Bazar Free, que consiste em uma loja pequena de roupas, em que as famílias podem ir algumas vezes por semana e escolher as peças, ao invés de apenas receberem uma sacola, fazendo-as sentir sem dignidade. A ONG possui, também, a Creche, para famílias da região, das 6h30 até 20h, custeada por uma parceria externa.
Sempre preocupados com a reestruturação e bem-estar familiar, pensam em cada detalhe da campanha de doação de alimentos, com o foco na família, alimentando a felicidade do próximo, como diz Viviane Lemos, fundadora e presidente da Madrinhas da Vida.
A ONG surgiu em 2010 e foi inspirada na mãe, Dona Dina, que passou a vida toda ajudando sua comunidade, seus vizinhos, escola do bairro e todas as pessoas que estavam ao seu alcance. A partir disso, deram início ao projeto, mudando a vida de muitas famílias. Ações em prol às crianças eram promovidas através de um grupo de amigos, de maneira informal, e apenas em 2019 oficializaram a empresa, com CNPJ e site.
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CASA DOS VELHINHOS
A Casa dos Velhinhos Dona Adelaide é uma entidade civil de direito privado beneficente, filantrópico de assistência social, sem fins lucrativos, que visa o acolhimento de idosos em situação de vulnerabilidade, situação de rua, abandono ou violência.
Atualmente, 30 idosos são atendidos, sendo 20 mulheres e 10 homens, com variáveis níveis de dependência. Aqueles que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC), garantia de um salário mínimo por mês ao idoso com idade igual ou superior a 65 anos ou à pessoa com deficiência de qualquer idade, são priorizados, uma vez que não dispõem de condições para permanecer com a família.
Tudo começou quando a fundadora da Casa, Adelaide Faria de Graciano, Dona Adelaide, abrigou um morador de rua em condições precárias físicas e psicológicas em sua própria casa, juntamente com sua família. A partir disso, pessoas em situação semelhante começaram a procurá-la, sendo sempre atendidas, independentemente da situação que se encontravam.
A Instituição surgiu em São Bernardo do Campo, Estado de São Paulo, e é executada por sua fundadora há quase meio século. O projeto possui sede própria há mais de quinze anos em um terreno cedido pela prefeitura para uso de comodato por 99 anos, no bairro Vila Campestre.
A Casa dos Velhinhos Dona Adelaide foi declarada de Utilidade Pública Municipal no dia 17 de novembro de 1988, pela Lei 3.262, sendo reconhecida hoje em dia como Utilidade Pública nas três esferas de governo.
ASSOCIAÇÃO VIVA A VIDA
A Associação é uma empresa jurídica, de direito privado e sem fins lucrativos, que trabalha fazendo a diferença na vida das mulheres com câncer de mama há 35 anos.
O principal objetivo é proporcionar ao público alvo acolhimento, valorização, autoestima e humanização, minimizando a distância entre o problema e as carências decorrentes da fragilidade. Trabalhos em grupos também são incentivados, para ocupar o tempo ocioso das pacientes com tarefas agradáveis, sendo uma terapia ocupacional.
A Instituição fornece assistência psicológica, reabilitação com fisioterapeutas, psicóloga, assistência jurídica, artesanatos, próteses mamárias, sutiãs, perucas, lenços, turbantes, chapéus, cestas básicas e medicamentos para os sintomas da quimioterapia.
Por meio de bazares e feiras em que os materiais para terapia ocupacional são vendidos, obtêm-se os recursos para manter a Associação, além dos bingos e um brechó, dependente de muitas doações.
Sua sede é da prefeitura municipal de Piracicaba e possui um comodato para uso há mais de 20 anos, contando com a ajuda de 40 voluntárias. A Associação foi fundada no dia 23 de maio de 1988, mas essa história começou antes disso, quando, em 1958, Wilma Godoy de Almeida elaborava reuniões informais, semelhantes a um grupo de apoio, que contava com a presença de mulheres mastectomizadas. Na época, muitas mulheres acreditavam que o câncer de mama era contagioso e até evitavam o contato, mais um motivo pelo qual Dona Wilma decidiu manter as reuniões, para todas terem uma rede de apoio.
O legado de Dona Wilma, que faleceu aos 83 anos de idade, de fibrose, é carregado hoje por toda a família Associação Viva a Vida, que não mede esforços para que o sonho da fundadora nunca acabe.
“A vida nos proporciona esses encontros maravilhosos e a chance de ver um outro lado e lutar por quem precisa”, diz Joseane, presidente da Associação.
ASSOCIAÇÃO ESPÍRITA BENEFICENTE DR. ADOLFO BEZERRA DE MENEZES
A Associação é uma entidade sem fins lucrativos, e possui esse nome em homenagem ao Dr. Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, que foi médico, militar, escritor, jornalista, político, filantropo e notável expoente da Doutrina Espírita. Conhecido como “O Médico dos Pobres”, por sua postura caridosa no atendimento às pessoas que necessitavam de ajuda médica, mas não tinham como pagar, Bezerra de Menezes era um modelo de perseverança, caridade e amor.
A entidade ampara, sem nenhum tipo de discriminação, idosos com mais de 65 anos, de ambos os sexos, possuindo a capacidade de acolher mais de 180 idosos, contando com profissionais especializados em áreas como assistência social, psicologia, nutrição, fisioterapia, enfermagem, atendimento médico e também oferece uma moradia digna.
Além disso, também dão assistência de variadas espécies nas atividades sócio educativas e de lazer, visando a garantia de direitos e a manutenção da qualidade de vida da pessoa idosa.
Sua história teve início com o pedreiro e construtor José Nascimento Bacelar (1907-1959), que sempre sonhou em fazer alguma coisa para ajudar seus semelhantes. Não conseguiu iniciar seu projeto em Belo Horizonte, onde morava, e, quando mudou para São Paulo, continuou a insistir em seus propósitos altruístas. Na nova cidade, encontrou um ambiente propício, juntando-se a um grupo de companheiros que alimentava um sonho semelhante ao seu: Abrigar a velhice desamparada.
A Instituição atua há 82 anos, acolhendo como Instituição de Longa permanência de idosos – ILPI. Possui unidades em Penha de França e Itaquaquecetuba e foi fundada em 1941 como Organização da Sociedade Civil filantrópica. A sobrevivência da instituição depende exclusivamente de doações de pessoas físicas e jurídicas.
Autora: Isabela Miranda.
Fonte: Cásper Líbero.