Nos anos 2000, Shaq se tornou apenas o segundo jogador da história a conquistar três Finals MVP consecutivos, ao lado de Michael Jordan.
Shaquille Rashaun O’Neal, ou apenas Shaq, tornou-se um dos jogadores mais importantes da NBA e do basquete mundial ao fazer história com seus títulos e presença em quadra, que lhe renderam um lugar no Hall da Fama do Basquete. Em 2021, no aniversário de 75 anos da NBA, ele também foi considerado um dos 75 maiores jogadores da história da liga.
O início de Shaq
Shaquille nasceu em 1972, na cidade de Newark, em Nova Jersey. Com 11 anos, já tinha 1,93 metros de altura, como conta em seu documentário transmitido pela HBO Max: “Não queria ser visto como o garoto alto que, aliás, era péssimo nos esportes”. Apesar disso, ao se interessar pelo basquete, Shaq começou a treinar, transformando a sua altura — antes, motivo de bullying — em uma de suas maiores virtudes.
Com 17 anos e 2,13 metros de altura, O’Neal já havia impressionado muito em seus anos de High School e foi jogar pela Universidade do Estado da Louisiana (LSU). Após três anos, foi encorajado pelos pais a completar a graduação antes de entrar na NBA, mas a sua superioridade física — que o fazia sofrer muitas faltas intencionais — o fez antecipar a mudança em um ano.
Em 1991, último ano em Louisiana, Shaq ganhou alguns prêmios de melhor jogador universitário [Reprodução/Instagram @lsubasketball]
Em entrevista ao Arquibancada, o jornalista e comentarista Ricardo Bulgarelli comenta: “Shaq já era uma aberração em LSU. Era uma expectativa enorme, de um jogador que poderia causar um impacto gigantesco, por ser muito grande e dominante. Não tinha como passar o Shaq como número um do draft. Antes, os times draftavam por necessidades do elenco, e não por talento ou por teto do jogador, e a partir do Shaq isso muda bastante”.
Anos “mágicos” em Orlando
Em 1992, o Orlando Magic conseguiu a primeira escolha do draft da NBA e selecionou Shaquille O’Neal. Logo de cara, Shaq se tornou o primeiro calouro da história a ser nomeado como Player of the Week na primeira semana da liga, e ao final da temporada, ganhou o prêmio de Rookie of the Year (ROY). Além disso, ele também foi o primeiro jogador desde Michael Jordan a ser votado como titular no All-Star Game em seu primeiro ano na NBA.
Bulgarelli comenta: “Eu lembro do primeiro ano dele, quando ele quebra as duas tabelas [em Phoenix e Nova Jersey] é absurdo. É uma imagem que tem um impacto absurdo, pelo tamanho do cara e pelo que ele pode representar de temor para a liga. O ‘Novato do Ano’ foi barbada [fácil], apesar da concorrência”. Apesar do ótimo desempenho, Shaquille não conseguiu fazer com que o Magic chegasse nos playoffs de 1993, ficando em nono lugar na Conferência Leste.
Em seu ano de estreia na NBA, O’Neal atingiu médias de 23.4 pontos, 13.9 rebotes e 3.5 tocos por jogo [Reprodução/Instagram @shaq]
No ano seguinte, novamente com a primeira escolha do draft, o Orlando Magic selecionou Chris Webber. Entretanto, a equipe o trocou com o Golden State Warriors por Penny Hardaway, terceira escolha geral, já que ele parecia ser o complemento perfeito para Shaquille O’Neal — em seu primeiro ano, Penny teve um ótimo desempenho e colocou o líder de assistências do time, Scott Skiles, no banco de reservas. Shaq comandou o time ao quarto lugar da Conferência Leste, o que lhe rendeu uma vaga para os primeiros playoffs de sua carreira. Contra o Indiana Pacers, o inexperiente Orlando Magic não conseguiu vencer o time de Reggie Miller, perdendo as séries por 3 a 0.
A evolução de O’Neal ficou ainda mais nítida na temporada de 1994/95, quando o pivô foi o cestinha da liga e o Magic terminou a temporada regular no primeiro lugar de sua conferência. Após eliminar o Boston Celtics, o Chicago Bulls — que contava com a volta de Michael Jordan — e o Indiana Pacers, o time conquistou a sua vaga nas Finais da NBA de 1995. Em seu documentário, Shaq contou que chegou a pensar: “Acabamos de derrotar Michael Jordan! Quem mais resta? Mais alguém na liga?”.
Do outro lado, estava o campeão da última temporada, Houston Rockets, de Hakeem Olajuwon. Mesmo abaixo do esperado antes dos playoffs, as vitórias em confrontos históricos contra Karl Malone, Charles Barkley e David Robinson fortaleceram o time no caminho até a final. Na última etapa, o nigeriano conseguiu a melhor sobre Shaquille O’Neal, derrotando o time sensação da temporada em uma varrida por 4 a 0 para conquistar seu bicampeonato.
O grande feito da chegada do Orlando Magic às Finais da NBA só se repetiu em 2009, com Dwight Howard [Reprodução/Instagram @orlandomagic]
Ao final da temporada 1995/96, o contrato de O’Neal com o Orlando Magic se encerrava, abrindo a possibilidade de uma renovação ou assinatura com outra franquia — mas, em um choque de egos, o pivô reivindicava um contrato financeiramente melhor do que o de Penny Hardaway. O jornal local Orlando Sentinel publicou uma enquete com a pergunta “Shaq vale 115 milhões de dólares?”, em que 91.3% dos torcedores votaram “não”, resultado que contribuiu para a não renovação da estrela do time.
Ida para Los Angeles
Em 1996, Jerry West, famoso jogador do Los Angeles Lakers e diretor geral da franquia à época, seduziu Shaq com um contrato de 120 milhões de dólares, o maior da história dos esportes até então. Apesar da grande expectativa, as duas primeiras temporadas em Los Angeles foram marcadas por algumas lesões de O’Neal e eliminações nos playoffs, ambas para o Utah Jazz.
Em 1998/99, mesmo com o crescimento de Kobe Bryant no time — primeira temporada em que foi titular —, o Lakers falhou novamente em seu objetivo de chegar às finais, perdendo para o San Antonio Spurs, que se sagrou campeão da temporada. A mídia cobrava muito de Shaq, que se envolvia em polêmicas por se importar com assuntos além do esporte, como cinema e música. Em seu documentário, ele afirmou que também se cobrava, já que não queria estar na lista de “ótimos jogadores que nunca venceram um campeonato”.
Anos 2000: A virada de chave
Em 1999/00, o Lakers foi atrás de Phil Jackson, treinador seis vezes campeão da NBA pelo Chicago Bulls. Com ele, Shaq terminou a temporada com a melhor média de pontos de sua carreira (29.7) e venceu o prêmio de Most Valuable Player (MVP) da NBA na temporada — quase de forma unânime. O’Neal parecia imparável, exceto pelo “Hack-a-Shaq” — tática utilizada pelos seus adversários que consistia em fazer faltas intencionais para impedir o pivô de pontuar, já que seu aproveitamento nos lances livres era muito baixo.
Em 2000, no dia do seu aniversário de 28 anos, Shaq fez sua maior pontuação em um jogo na carreira: foram 61 pontos marcados contra o Los Angeles Clippers [Reprodução/Instagram @shaq]
Com uma excelente campanha de 67 vitórias na Conferência Oeste, a equipe se classificou aos playoffs com o melhor recorde da NBA na temporada. Na primeira rodada, venceu o Sacramento Kings por 3 a 2 em uma série muito equilibrada — inclusive, Shaq igualou a sua melhor marca na pós-temporada, com 46 pontos, logo na primeira atuação da série, o que já serviu como um spoiler do que ele faria nas partidas seguintes daqueles playoffs.
O caminho do Lakers para as Finais da NBA de 2000 também passou por Phoenix Suns e Portland Trail Blazers. Com um time estrelado, o Trail Blazers dificultou a classificação e levou as Finais de Conferência até o jogo sete, no qual ainda chegou a liderar por 15 pontos no último quarto da partida. No final, o Lakers conseguiu a virada, encerrando o jogo com uma icônica ponte aérea de Kobe para Shaq.
“Eles [Trail Blazers] eram o time mais duro e ainda eram os únicos que não tinham medo de nós [Lakers]”, afirmou Shaq em entrevista ao Bleacher Report [Reprodução/Instagram @shaq]
Em um reencontro após sua saída de Orlando, O’Neal voltou a enfrentar o Indiana Pacers de Reggie Miller, mas agora no Lakers e na grande decisão da NBA. Em seu documentário, Shaq comentou que, neste momento, relembrou a derrota de 1995: “Se algum dia eu voltar às finais, vou dominar”.
Ao longo das partidas de sua primeira final pelo Lakers, o pivô atingiu a média de 38 pontos por jogo, 16.7 rebotes e 2.7 tocos. Do outro lado, a única maneira encontrada para tentar parar o jogador foi o “Hack-a-Shaq”, o que não impediu a vitória do Los Angeles Lakers por 4 a 2 e nem o Finals MVP de O’Neal. Na coletiva de imprensa pós-título, Shaq desabafou: “Segurei essa emoção por 11 anos [NBA e College]. Eu sempre quis vencer, e isso aconteceu”.
2001 e 2002: “Back-to-Back” e “Three-Peat”
No início dos anos 2000, a relação entre Kobe e Shaq começou a se desgastar, principalmente por reclamações sobre a falta de comprometimento do pivô nos treinos. Apesar disso, o time se classificou de forma convincente para os playoffs e chegou até a decisão sem perder nenhum jogo: varreu o Portland Trail Blazers, o Sacramento Kings e o San Antonio Spurs.
Nas Finais da NBA de 2001, o Lakers enfrentou o Philadelphia 76ers de Allen Iverson, MVP e cestinha da NBA naquela temporada — no garrafão, Shaq também teve um difícil confronto, já que enfrentava o Defensive Player of the Year (DPOY), Dikembe Mutombo. A primeira partida da série foi um espetáculo das duas estrelas: Shaquille O’Neal com 44 pontos e 20 rebotes, e Allen Iverson com 48 pontos, que levou a melhor na abertura da série dentro do ginásio adversário (Staples Center) e desfez o sonho dos “playoffs perfeitos” do Lakers.
Apesar dessa grande exibição, o 76ers não conseguiu repetir o desempenho e perdeu os quatro jogos seguintes, garantindo o segundo título de Shaq — quarto Back-To-Back (dois títulos consecutivos) da história do Lakers. Com médias de 33 pontos, 15.8 rebotes, 3.4 tocos e 4.8 assistências por jogo, a estrela do time ganhou seu segundo prêmio consecutivo de Finals MVP, igualando um feito que somente Michael Jordan e Hakeem Olajuwon haviam conseguido.
Iverson considerou a atuação de Shaq nas Finais da NBA de 2001 como “uma boa dose de Shaquille O’Neal” [Reprodução/Instagram @theofficialai3]
Em 2001/02, O’Neal liderou mais uma vez o time de Los Angeles a uma boa campanha na temporada regular e playoffs, chegando com facilidade até as Finais de Conferência. Porém, contra o Sacramento Kings, o Lakers não teve vida fácil, e viu a boa equipe liderada por Chris Webber abrir 3 a 2 na série — o equilíbrio nos confrontos foi evidente, com algumas partidas decididas pela diferença mínima de um ponto.
No sexto jogo, Shaq fez 41 pontos e 17 rebotes para evitar que o Kings fechasse a série, levando a decisão da conferência para o jogo sete. Em Sacramento, o pivô fez uma partida impressionante diante de uma torcida intensa: com 35 pontos, 13 rebotes e quatro tocos, O’Neal garantiu a participação do Lakers na terceira final de NBA consecutiva. Mas, de acordo com o próprio jogador, as disputas contra o Sacramento Kings provavelmente foram as mais duras de sua carreira.
A dificuldade relatada por Shaq não se repetiu nas Finais da NBA de 2002, já que o Lakers varreu o New Jersey Nets e conquistou o Three-Peat (terceiro título consecutivo), tornando-se apenas a quinta equipe a atingir esta marca — além deles, o Minneapolis Lakers entre 1952-54; o Boston Celtics entre 1959-66; e o Chicago Bulls em duas ocasiões, entre 1991-93 e 1996-98).
Em seu jogo de menor pontuação nessas finais, Shaq fez 34 pontos — isso, somado ao mínimo de dez rebotes em todos os jogos, garantiu o seu terceiro Finals MVP, igualando-se a Michael Jordan como os únicos a conseguirem esse feito por três vezes consecutivas. Para O’Neal, ganhar um título em Nova Jersey, estado em que nasceu, foi especial, já que toda a sua família e amigos puderam estar presentes no local.
Conforme Bulgarelli, o time do Lakers era bem montado, com jogadores importantes ao lado de Shaq, como Kobe Bryant, Robert Horry, Glen Rice, Rick Fox, Derek Fisher e Brian Shaw, além de Phil Jackson no comando tático. Contudo, o jornalista afirma que, sem o pivô, “o Lakers não seria tricampeão naquele momento”, já que O’Neal foi dominante nas três finais.
“Uma coisa acaba ligada na outra, mas se tirasse o Shaq dessa parada, nada aconteceria!”
Ricardo Bulgarelli
O fim da Era de Ouro
Logo no início da temporada de 2002/03, O’Neal realizou uma cirurgia que o fez perder os primeiros jogos da liga — o pivô esperou o início dos treinamentos para operar, com a justificativa de que havia sofrido a lesão em horário de trabalho e, portanto, poderia ser operado e se recuperar em horário de trabalho. Quando voltou, teve boas médias, mas o time caiu de rendimento, ficando pela primeira vez fora do top-4 da Conferência Oeste desde a sua chegada. Mesmo vencendo o Minnesota Timberwolves de Kevin Garnett, com médias de quase 30 pontos e mais de 15 rebotes por jogo para Shaq, o time tricampeão da NBA não foi páreo para o San Antonio Spurs de Duncan, Parker e Ginobili, elenco que terminou a temporada como campeão.
As tensões entre O’Neal e Bryant estavam cada vez piores. Antes da temporada 2003/04 começar, Kobe deu uma entrevista à ESPN em que, questionado sobre as declarações do pivô sobre o Lakers ser o “time do Shaq”, comentou: “Se esse é o time dele, está na hora dele agir como tal. Isso significa não chegar mais aos treinamentos gordo e fora de forma, quando seu time se apoia na sua liderança dentro e fora da quadra. Também significa não culpar os outros pelo fracasso do nosso time, ‘meu time’ não significa só quando ganhamos. Se deixar o Lakers no final da temporada for a minha decisão, um grande motivo será o egoísmo infantil e inveja de Shaq”.
Para Bulgarelli, o ego dos jogadores também foi essencial para suas divergências: “A partir do momento em que chega um outro jogador com o mesmo pensamento que tinha o Kobe, de querer ser o melhor, nunca daria certo os dois juntos. O Phil Jackson era importante para administrar esse ego. Como treinador, ele foi excepcional, mas eu acho que o grande mérito dele foi orquestrar esse dia a dia”.
Apesar das brigas, o Lakers se classificou com a segunda melhor campanha do Oeste e chegou a mais uma grande decisão, após passar por Houston Rockets, San Antonio Spurs e Minnesota Timberwolves — Shaq havia registrado um total de 58 tocos até então (finalizou os playoffs com 61 bloqueios, melhor marca de sua carreira).
No entanto, nas Finais da NBA de 2004, contra o Detroit Pistons, o time de Los Angeles perdeu por 4 a 1, muito por conta da drástica queda nas médias de rebotes e tocos de O’Neal, o que lhe rendeu uma série de críticas.“Não é só talento, tem que ter encaixe, dedicação, jogar um pelo outro, coisas que aquele Detroit Pistons dava aula. Era um time muito mais solidário e unido, sem esse ego, e isso acaba fazendo a diferença”, declara o comentarista.
Com quatro finais e três títulos juntos, muitos acreditam que o Lakers poderia ter sido ainda mais dominante se a dupla Shaq e Kobe tivesse continuado [Reprodução/Instagram @shaq]
Saída de Los Angeles e chegada em Miami
A saída forçada de Phil Jackson no Lakers em 2004 foi o que faltava para O’Neal pedir para ser trocado, e assim foi feito pela diretoria do Lakers. Bulgarelli opina sobre esse fim de ciclo: “Natural, depois de uma frustração, de uma derrota, você acabar mudando por completo a cultura. É natural escolher o cara mais novo [Kobe] para ficar”.
Atrás de uma nova oportunidade de título, Shaq se juntou ao Miami Heat, do jovem Dwyane Wade — apesar de ofuscado por LeBron James e Carmelo Anthony no seu ano de calouro, mostrou muito talento —, transformando o time em um dos favoritos da liga. Fora das quadras, o impacto de sua chegada levou a um aumento significativo na aquisição de ingressos nos jogos. Dentro delas, o pivô comandou a melhor campanha da Conferência Leste, o que lhe rendeu o segundo lugar na votação para MVP da temporada — perdeu a disputa para Steve Nash por pouca diferença.
O bom rendimento da dupla Wade-Shaq fez o time chegar até às Finais de Conferência logo em seu primeiro ano juntos, após varrer o New Jersey Nets e o Washington Wizards. Mas, contra o Detroit Pistons, O’Neal perdeu novamente, desta vez em sete jogos. Apesar de uma queda nas médias de pontos e rebotes do pivô na temporada 2005/06, os números não incomodaram o jogador, já que o time seguia vencendo. Dessa forma, o Miami Heat chegou em sua primeira final de NBA da história — sexta de Shaq — após vencer Bulls, Nets e Pistons nos playoffs.
Ao começar perdendo por 2 a 0 para o Dallas Mavericks, de Dirk Nowitzki, nas Finais da NBA de 2006, o Heat conseguiu vencer os quatro jogos seguintes para virar a série e conquistar seu primeiro título. Apesar de Wade ter sido eleito o Finals MVP, O’Neal obteve uma média de duplo-duplo em pontos e rebotes na reta final da série, essencial para a virada na conquista.
“The Big Diesel” — um dos apelidos de O’Neal — conquistou seu último título em Miami [Reprodução/Instagram @dwyanewade]
Com lesões e desentendimentos com o técnico da equipe, os anos seguintes foram marcados por campanhas fracas, que o fizeram sair de Miami e ir para Phoenix. No Suns, jogou por uma temporada e meia, até que Steve Nash solicitou a troca de Shaq à diretoria da franquia ao final da temporada 2008/09, quando tinha 36 anos. O pivô ainda teve passagens pelo Cleveland Cavaliers e Boston Celtics, mas as lesões frustraram sua ambição de conquistar mais um título.
Legado de Shaq
Em Cleveland, próximo do final de sua carreira, Shaq jogou com o pivô Anderson Varejão, uma das lendas do time. Em entrevista ao Arquibancada, o brasileiro conta que, mesmo não tendo mais a mesma explosão no período em que jogaram juntos, O’Neal ainda era um jogador muito diferente. “O convívio com ele era de aprendizados diários, é um dos maiores de todos os tempos. Foi um privilégio poder jogar contra e com ele. Dentro de quadra, não é preciso falar da sua importância, do peso que dava aos times em que jogava. Fora, é brincalhão e divertido, traz sempre uma energia muito positiva que muda o ambiente. É ótimo de grupo e querido por todos, Shaq não é gigante só no tamanho, mas no talento e no carisma também”, complementa.
Sobre o jogo de O’Neal, Varejão afirma: “Shaq sabia usar bem o seu tamanho, sua envergadura e sua força física, era praticamente impossível pará-lo. Isso, combinado com o fato de ter tido jogadores fora de série ao seu lado, como Wade e Kobe, fez com que se tornasse um dos pivôs mais dominantes da história”.
Varejão conta que Shaq foi uma de suas referências no começo da carreira. “Tinha até figurinha dele”, comentou o brasileiro ao Arquibancada [Reprodução/Instagram @andersonvarejao]
No fim da temporada 2010/11, aos 39 anos, Shaquille O’Neal anunciou a sua aposentadoria por meio das suas redes sociais. No X (ex-Twitter), o atleta postou um vídeo em que dizia: “Nós conseguimos, 19 anos, baby. Eu queria agradecê-los, é por isso que estou contando a vocês primeiro. Eu estou prestes a me aposentar. Amo vocês, nos falamos em breve”.
Ao final da carreira, Shaq colecionou 15 nomeações ao NBA All-Star Game, quatro títulos, quatro MVP’s (um de temporada regular e três de finais) e deixou um legado incrível, que inspirou muitas outras pessoas, seja pela sua dominância em quadra ou pela leveza e forma divertida de viver a vida. Na opinião de Bulgarelli, se o pivô tivesse se cuidado e focado apenas no basquete, seria o maior jogador dentre os que ele viu jogar, ou até mesmo da história.
Em entrevista ao Arquibancada, dois destaques da NBB comentaram sobre sua admiração por Shaq. Guilherme Teichmann, ex-jogador profissional, que se aposentou como pivô do União Corinthians no ano passado, conta que chegou a ter um Shaqnosis — tênis de O’Neal feito pela Reebok em 1995 —, e comenta: “Shaq era imparável. Só o fato de ele ter obrigado a liga a reforçar as tabelas, depois de quebrá-las, já diz muito sobre o quão diferente e acima da média ele era. Shaq deixou o legado que mesmo pivôs grandes podem ser atléticos”.
“Eu tinha uma ideia, e só pintei ela de preto e branco. Contraste máximo é o que sempre falam para fazer nas escolas de arte, gera atenção”, disse o designer do Shaqnosis, Jonathan Morris, à revista Complex [Reprodução/Instagram @shaq]
Lázaro Rojas, pivô do Corinthians, afirma que considera O’Neal o pivô mais dominante da história do basquete moderno, além de compará-lo com Wilt Chamberlain — pivô que estabeleceu recordes praticamente inquebráveis. “Ele realmente marcou a era dos ‘caras grandes’ da NBA, foi um jogador daqueles que mudou o jogo: times na época dele queriam ter caras grandes só para entrar e fazer o famoso ‘Hack-a-Shaq’. Era impossível segurar o homem”. Para completar, Lázaro também comenta: “O’Neal foi a definição de dominância, além de muito técnico, então a contribuição e o impacto dele para o jogo foi tremendo. Todo pivô sonha em ser tão dominante quanto Shaq”.
Autor: Davi Caldas.
Fonte: Jornalismo Júnior/USP.