No final dos anos 2000, Romário, que hoje atua na política, alcançava recorde de Pelé e marcava o seu milésimo gol.
Há 17 anos, Romário de Souza Faria, o “Baixinho”, fazia história em São Januário aos 41 anos. Em partida válida pelo Campeonato Brasileiro, no dia 20 de maio de 2007, o lendário camisa 11 cruzmaltino balançava as redes pela milésima vez em sua carreira. O gol foi marcado em uma cobrança de pênalti contra o Sport-PE, em vitória vascaína por 3 a 1.
O milésimo gol
Na época, Romário vivia uma rara “seca” de gols: o 999° gol marcado pelo atacante havia sido há quase dois meses, o qual contribuiu para a vitória cruzmaltina diante do rival Flamengo por 3 a 0.
O desejo do Baixinho de alcançar a marca dos mil gols no Rio de Janeiro, especialmente no Maracanã, era público — para isso, deixou de enfrentar Americano, Cabofriense e América-RN fora de casa. Porém, o destino escolheu o palco de São Januário, estádio do Vasco da Gama, para celebrar a conquista.
O “feito histórico do Baixinho”, como foi chamado pela crônica esportiva, gerou comoção no futebol brasileiro — antes de Romário, apenas Pelé havia alcançado os mil gols. Em entrevista concedida ao Globo Esporte, o ídolo da seleção brasileira descreveu o marco como inesquecível: “Com certeza é um gol que não tem como esquecer”.
Pouco após o milésimo, Romário aposentou-se aos 42 anos na equipe do Vasco da Gama, encerrando sua carreira com o total de 1002 gols marcados. Hoje, com 58 anos de idade e passagens memoráveis por clubes como Vasco da Gama, PSV (Holanda), Barcelona (Espanha), Flamengo e Fluminense, o Baixinho atua na política como senador federal.
Em 1988, sua primeira passagem pelo Vasco da Gama, o Baixinho já mirava metas audaciosas [Reprodução/Instagram: @romariofaria]
“Quando nasci, papai do céu apontou para mim e disse: ‘Esse é o cara’”
Em 1975, ainda criança, Romário jogou no Estrelinha, time que seu pai montou na Vila da Penha, subúrbio do Rio de Janeiro, para incentivá-lo a praticar futebol. Depois do Estrelinha, Romário iniciou trajetória no time infantil do Olaria, em 1979. No mesmo ano, foi campeão estadual da categoria e artilheiro.
Chegou ao Vasco da Gama com 15 anos, em 1981, na categoria infantil, e estreou no profissional em 6 de fevereiro de 1985 no jogo Vasco 3 x 0 Coritiba. O primeiro gol como profissional aconteceu no dia 18 de agosto daquele ano, em vitória vascaína por 6 a 0 contra o Venécia.
Romário, desde criança, era apaixonado pelo futebol e teve seu amor impulsionado pelo pai, que criou o Estrelinha para o desenvolvimento do filho [Reprodução/Facebook: @romariofaria]
Estreia na seleção brasileira
Ainda em 1985, Romário estreou nas categorias de base da Seleção Brasileira e fez parte da equipe campeã do torneio sul-americano sub-20. Na final da competição, o atacante marcou dois gols e foi o melhor da partida na vitória por 2 x 1 contra o Paraguai.
Em 1987, a Seleção Brasileira passou por inúmeras reformulações após a eliminação pela França na Copa do Mundo de 1986, no México. Entre elas, a mudança na comissão técnica: Telê Santana (ex-treinador do São Paulo) abriu espaço para a chegada de Carlos Alberto Silva, contratado pela CBF para promover a renovação da equipe brasileira. Na convocação, como era previsto, foram chamados, pela primeira vez, vários jogadores que vinham sendo destaques em seus clubes, como Romário, que já encantava a torcida vascaína pela facilidade em marcar gols.
A delegação brasileira foi até Dublin, na Irlanda, enfrentar os donos da casa em amistoso internacional, após empate com a Inglaterra por 1 a 1 pela tradicional Taça Stanley Rous. Na partida, o Brasil não jogou bem e foi superado pelos mandantes pelo placar de 1 a 0. Destaque brasileiro no segundo tempo, com a camisa 18, Romário entrou em campo pela primeira vez com a seleção principal e quase empatou o jogo para o Brasil.
No total, Romário balançou as redes 71 vezes em 85 jogos disputados pela Seleção Brasileira [Reprodução/Instagram: @romariofaria]
Após ficar de fora da conquista do torneio no mundo britânico, contra a Escócia, Romário voltou a campo pela seleção no dia 28 de maio, quando o Brasil foi a Helsinki enfrentar a equipe finlandesa. Na partida, o Baixinho teve sua primeira grande chance vestindo a “amarelinha”. Iniciou no banco de reservas, mas ainda quando o placar estava 1 a 0 para os finlandeses, Mirandinha sentiu uma lesão na coxa e Romário entrou em campo para substituí-lo.
Sem sentir o peso da camisa brasileira, Romário não se escondeu. Em um de seus primeiros lances na partida, ele acreditou em um bate e rebate na entrada da área, superou dois adversários e chutou no canto do gol, sem dar chances para o goleiro finlandês. O jogo terminou 3 a 2 para o Brasil, Romário marcou seu primeiro gol pela Seleção Brasileira e o mundo conhecia mais um grande atacante canarinho.
PSV
Criado nas categorias de base do Vasco da Gama, Romário brilhou durante quatro anos pelo clube carioca e despertou interesse de gigantes do futebol europeu por seu faro de gols. Em 1988, o PSV tomou a frente na disputa pelo brasileiro e pagou cerca de seis milhões de dólares para ter o craque — a transferência mais cara de um jogador brasileiro para um clube estrangeiro na época.
Ídolo do time holandês, Romário inclusive é eternizado na história e no museu do clube. Timo Klein, guia do museu, em reportagem ao Globo Esporte, ressaltou a ala “Casa Romário”, em que o Baixinho é exaltado como um dos maiores jogadores da história do clube. Durante entrevista, Klein reforçou o significado do atacante ao PSV e curiosamente o definiu como insuperável e preguiçoso: “Ele era preguiçoso, não gostava de treinar, mas jogava muito futebol, fazia muitos gols e resolvia os jogos. Dentro da área, ele era insuperável”.
A transferência do Romário para a Holanda foi a mais cara de um jogador brasileiro para um clube estrangeiro na época [Reprodução/X: @RomarioOnze]
Em sua biografia, Romário cita a fala de Guus Hiddink, seu treinador nos tempos de PSV, que lembra o dom do atacante em marcar gols: “O jogador mais interessante com quem já trabalhei foi Romário. Era o tipo de cara que fazia gols com facilidade. Antes de partidas cruciais, quando se está um pouco nervoso, ele chegava para mim e dizia ‘coach, tranquilo, Romário vai marcar e nós vamos ganhar’. E ele realmente marcava. Nem todas as vezes, mas em oito de dez jogos como aqueles ele marcaria o gol da vitória”.
Pelo clube holandês, Romário venceu a Eredivisie três vezes, duas Copas da Holanda e uma Copa Johan Cruijff Schaal; além disso, o brasileiro marcou 165 gols em 167 partidas.
Barcelona
Impressionado com Romário, o Barcelona pagou cerca de US$ 4,5 milhões pela contratação do jogador. Aos 27 anos, ele estreou com a camisa catalã na partida entre Barcelona e Real Sociedad pelo Campeonato Espanhol, em 1993, e teve uma atuação de gala, marcando os três gols da vitória do clube catalão no triunfo por 3 a 0 no Camp Nou — o último deles, o mais bonito, por cobertura.
O carioca teve passagem curta no Barcelona e permaneceu até 1994, ano em que conquistou a Copa do Mundo, nos Estados Unidos, pela Seleção Brasileira. No Barcelona, Romário conquistou o Campeonato Espanhol de 1993/94 e foi artilheiro. Ao todo, foram 53 gols marcados em 84 partidas.
Após grande passagem pelo PSV, Romário encantou o lendário Johan Cruyff e o Barcelona [Reprodução/Site: Players.fcbarcelona.com]
Herói da classificação brasileira rumo ao mundial
Em 1993, como poucas vezes, o Brasil passou apuros nas Eliminatórias para a Copa do Mundo. Em uma fila de 24 anos sem conquistar o título, a seleção brasileira apenas garantiu a vaga para o mundial no último jogo, diante do Uruguai. Romário, contestado pelos ex-técnicos Carlos Alberto Parreira e Zagallo, por seu aborrecimento com a reserva e indisciplina, foi ignorado pelos treinadores até quase um ano antes do torneio.
Por conta das dificuldades brasileiras e por forte clamor popular, o Baixinho foi convocado apenas na reta final das Eliminatórias, quando enfrentou a equipe uruguaia sob riscos de não alcançar a classificação. Caracterizado por suas frases marcantes, Romário, convocado um dia antes da partida, prometeu ao torcedor brasileiro: “O jogo vai ser uma guerra. Vim para classificar o Brasil”.
Diante do Uruguai, Romário classificou o Brasil para a Copa do Mundo de 1994 após atuação heroica [Reprodução/Instagram: @romariofaria]
Na partida, o torcedor brasileiro lotou o Maracanã, e a equipe “verde e amarelo” precisava ao menos empatar para a classificação, enquanto os uruguaios necessitavam da vitória. O clima era de tensão, e por melhor que tenha sido a atuação canarinha, o grito de gol ficou preso na garganta durante os primeiros 45 minutos.
Na segunda etapa, Romário chamou a responsabilidade para si. Aos 27’, o Baixinho, com seus 1,68m de altura, guardou o primeiro gol brasileiro, de cabeça. Dez minutos depois, Romário fechou a conta para o Brasil: correu em direção à meta, driblou o goleiro celeste e empurrou para o fundo das redes o gol que carimbou o passaporte brasileiro.
Tetracampeão mundial e dupla com Bebeto
Na Copa, o camisa 11 foi peça fundamental para a conquista do tetracampeonato da seleção brasileira. Em uma equipe sólida defensivamente, liderada pelo capitão Dunga, o Brasil também contava com uma das maiores duplas de sua história na parte ofensiva. No grupo A, a Seleção encarou Suécia, Rússia e Camarões.
Diferente da magia das antigas seleções, o time de 1994 contava com a solidez defensiva e transições rápidas. Na fase de grupos, o Brasil não passou dificuldades — com gols de Romário nas três partidas, venceu Rússia e Camarões e empatou contra a Suécia.
No caminho até a final, a Seleção contou algumas vezes com o brilho de Bebeto e Romário. A trajetória não foi fácil: o Brasil enfrentou os Estados Unidos (anfitriões), a Holanda (liderada por Bergkamp), a Suécia (a qual não havia vencido na fase de grupos) e a Itália (tricampeã mundial).
Romário conquistou o tetracampeonato mundial com a Seleção Brasileira em 1994 e foi eleito melhor jogador da Copa do Mundo [Reprodução/Instagram: @romariofaria]
Diante dos anfitriões, a partida marcada para o dia 4 de julho — dia da independência do país — exalava um forte ar nacionalista, e os norte-americanos previam uma batalha. Em um jogo duríssimo, o Brasil superou o adversário pelo placar mínimo, com gol de Bebeto aos 30 minutos da segunda etapa.
Em uma das melhores partidas da Seleção em Copa do Mundo, a equipe canarinha cresceu e derrotou a Holanda por 3 a 2 nas quartas de final. O Baixinho foi quem abriu o placar da partida. Na sequência, o Brasil reencontrou a Suécia, que novamente fez jogo duro. Dessa vez, a tradicional camisa amarela pesou, e Romário mais uma vez decidiu para o Brasil, que venceu por 1 a 0. Na grande final, restava apenas a Itália pela frente para a Seleção alcançar o tetracampeonato.
Após grandes exibições contra a Holanda e Suécia, a equipe brasileira chegava à final como favorita, mas a classificação italiana não foi à toa. A Azzurra, que também sonhava com o tetra, contava com um dos grandes nomes daquela Copa, Roberto Baggio. O camisa 10 italiano marcou gols em todas as partidas do mata-mata — tal feito o concedeu o terceiro lugar na disputa da Bola de Ouro daquele ano, ficando atrás de Stoichkov e Romário.
Mais de 94 mil pessoas acompanharam a tão aguardada final entre as duas tricampeãs mundiais, o clima era de tensão e o forte calor foi protagonista durante a partida. A seleção brasileira foi melhor no jogo e criou as melhores chances, porém o jogo não saiu do 0 a 0. O Brasil teve a chance de abrir o placar em pelo menos três oportunidades no tempo regulamentar, mas pararam no goleiro Pagliuca e na trave.
Após 90 minutos, a final da Copa do Mundo de 1994 foi decidida nos pênaltis — pela primeira vez na história das Copas. Apesar de ter passado em branco durante toda a partida, Romário não se abalou e converteu a cobrança; além dele, Branco e Dunga marcaram para o Brasil. Fato surpreendente daquela final foi a cobrança de Roberto Baggio, grande esperança da Azzurra no mundial, que jogou para fora e sacramentou o sonhado tetracampeonato brasileiro.
“A torcida do Vasco pode comprar lencinhos. No próximo clássico, eles vão chorar”
Assim foi a apresentação de Romário no Flamengo em 1995: cria vascaína, Romário, no auge de sua carreira após a conquista da Copa do Mundo de 1994 e o prêmio de melhor jogador do mundo, retornou ao Brasil, dessa vez para representar o maior rival do cruzmaltino. Na época, o polêmico Baixinho ainda revelou à imprensa ser torcedor do rubro-negro, o que enfureceu a torcida vascaína. Romário, autoconfiante, como sempre, fez o que fazia de melhor: marcou gols.
Em seu primeiro “clássico dos milhões”, Romário, conhecido por suas promessas, novamente não decepcionou o torcedor. Ainda em 1995, Vasco e Flamengo se enfrentaram com estádio lotado; o cruzmaltino era o mandante da partida, porém, milhares de torcedores assistiram o craque calar o estádio. Mesmo com pressão vascaína, o rubro-negro aproveitou o deslize da defesa adversária e Romário, cruel, recebeu a bola na área, fez lindo giro contra o marcador e guardou no canto do goleiro. Na comemoração, foi mais uma vez polêmico: com o dedo na boca, fez sinal de silêncio para a torcida cruzmaltina e coroou a vitória por 1 a 0.
Na equipe, foi artilheiro dos estaduais de 1996 a 1999, conquistou a Taça Guanabara de 1995, 1996 e 1999, a Taça Rio de 1996 e a Copa Ouro de 1996. Ao todo, participou de 240 partidas e anotou 204 gols pelo clube.
Além de Romário, mais dois tetracampeões do mundo em 1994 se juntaram ao Flamengo: chegavam o lateral-esquerdo Branco e o zagueiro Ronaldão ao rubro-negro [Reprodução/Instagram: @romariofaria]
O Rei da Grande Área de volta ao Vasco da Gama
Após passagem pelo rival Flamengo, Romário estava de volta ao Vasco da Gama para tentar reconquistar a torcida cruzmaltina, no fim de 1999. Em um time estrelado por Juninho Pernambucano, Edmundo e o próprio Romário, o Baixinho conquistou a Copa Mercosul e o Campeonato Brasileiro no ano seguinte à sua volta ao Vasco — em 2000, sua primeira temporada após sua volta.
Diante do Palmeiras, a final da competição sul-americana aconteceu no Parque Antártica, estádio alviverde; a torcida inflamava e tudo conspirava para a vitória do clube paulista. O primeiro tempo da partida foi um verdadeiro desastre para o Vasco: aos 9’, o jogo já estava 3 a 0 para os palmeirenses e, antes do apito final, o zagueiro cruzmaltino Junior Baiano foi expulso. O que o estádio alviverde não esperava era a reação vascaína na segunda etapa, mesmo com um jogador a menos. Joel Santana mexeu no time e o clube carioca voltou mais ofensivo; contou com um gol de Juninho Paulista e um “hat-trick” de Romário nos acréscimos para garantir “a virada do século”.
Além dos títulos, Romário disputou o Mundial de Clubes, sendo artilheiro da equipe vascaína na competição com três gols. Na ocasião, o Vasco chegou à final (derrotando inclusive o Manchester United), mas perdeu para o Corinthians nos pênaltis.
Em sua terceira passagem pelo clube, mesmo aos 39 anos, o carioca manteve seu faro de gols intacto; foi artilheiro do campeonato brasileiro de 2005 e se tornou o mais velho de uma edição do campeonato nacional a alcançar esse feito. Agudo como de costume e cercado por jornalistas, Romário falou sobre seu feito com orgulho: “Para mim, é uma honra ser artilheiro aos 39 anos. É um feito de poucos. Acho que de nenhum no Brasil. Hoje, estou quebrando meu próprio recorde”.
Romário teve quatro passagens pelo Vasco da Gama: 1981-1988, 1999-2002, 2005-2006, e 2007-2008, quando alcançou seu milésimo gol [Reprodução/X: @RomarioOnze]
Muito contestado por parte da torcida pelas suas fortes declarações, o Baixinho, até hoje, divide opiniões entre os vascaínos. Para alguns, Romário é um presente do Vasco ao futebol e ídolo do clube, mas para outros, é “ídolo do Flamengo”. Em entrevista ao Arquibancada, Ramon Vitor, torcedor vascaíno e dono da página Arena Cruzmaltina no X, diz que o Baixinho tem motivos para ser amado, como também odiado pela torcida cruzmaltina: “Romário é ‘Romário FC’, não torce para ninguém além de para ele mesmo”.
Ramon Vitor, 26 anos, explica a manchada relação que Romário construiu com a torcida, que não se resume ao clássico “troca-troca” de clubes, o que era comum nos anos 1990: “É comum encontrar diversos exemplos de grandes ídolos de alguns clubes que tiveram passagens notáveis por algum rival. A questão do Romário se explica em três pontos: a forte briga com a Força Jovem (principal torcida organizada), a política do Vasco e, como figura narcisista que é, Romário nunca fez questão de dizer que é vascaíno. Acho, inclusive, que não é”.
Ele ainda reforça as reclamações que giram em torno da estátua do jogador em São Januário e a forte influência política: “Dois predadores (Romário e Eurico Miranda), dois sóis que não suportam ceder poder a ninguém, mas que se atraíram em uma relação extraordinária. Após a saga dos mil gols, o ex-presidente impôs a ideia de Romário como maior ídolo do Vasco quando fez uma estátua para o Baixinho em São Januário. A ideia, entretanto, além de servir para homenagear o atleta, foi também uma provocação ao verdadeiro maior ídolo da história do Vasco, que era adversário político de Eurico na época: Roberto Dinamite”.
Estátua de Romário, construída em 2007, é polêmica em São Januário [Reprodução/Site: Vasco.com.br]
Para o jovem torcedor, Romário é sim ídolo do clube — inclusive, relembra a forma que o Baixinho era chamado fora do Brasil: “Romário do Vasco”. Para Ramon, apesar das confusões com a torcida, Romário, ao mesmo tempo que era um grande problema, era a grande solução: “Romário é um predador, uma figura narcisista viciada em poder que testou sua força até os limites, provocando seus clubes, faltando treinos e tomando decisões unilaterais que prejudicavam a unidade do grupo. Romário era um grande problema, ao mesmo tempo que era a grande solução. É complexo definir Romário como um profissional, pois a personalidade dele se mistura muito com esse quesito. Romário é um fenômeno único, nem melhor nem pior que os outros, mas único. Não teremos outros como ele”.
Pelo gigante da colina, Romário marcou 313 gols em 402 jogos. Diante do Sport-PE, o Baixinho, de pênalti, marcou um dos — se não o — mais inesquecíveis gols de sua carreira; algo que, antes dele, apenas o Rei Pelé havia alcançado: o gol mil.
Autor: Guilherme Bianchi.
Fonte: Jornalismo Júnior/USP.