Reeskate: jovens skatistas transformam hobby em profissão

Marca reutiliza shapes de skate usados e cria peças de arte.

O sócio fundador Gustavo Cezaretti e o diretor de marketing Guilherme Bortoletto contam como uma profissão nasceu a partir de um hobby. Apaixonados pelo esporte, viram nas peças quebradas e sem utilidade uma oportunidade de negócio. Hoje, com quatro anos de Reeskate, eles relembram como tudo começou, os princípios da marca – que envolvem skate, arte e sustentabilidade – e planos para o futuro.

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ORIGEM DA REESKATE

Thiago Nishida, amigo da dupla e também skatista, quando estava desempregado em 2019, começou a “brincar de marchetaria” com peças quebradas de skate.

Um dia, ao invés de andar de skate, Gustavo e Guilherme passaram a tarde aprendendo o que o amigo estava fazendo.

“Ele tinha as ferramentas, fazia chaveirinho, coisinhas pequenas… A gente começou a ir lá toda semana, começamos a desenrolar e aí pensamos: ‘mano, vamos vender na escola’”, relembra Gustavo.

“Até os professores queriam comprar, nós eramos os piores alunos e eles queriam as peças, muito daora” , brinca Guilherme.

Os dois pegaram gosto pelo negócio, e amigos e colegas começaram a se interessar pelas peças que estavam criando. Desse incentivo, nasceram os primeiros posts do Instagram da Reeskate, tudo ainda muito simples.

“As coisas tavam ficando bonitas, o pessoal tava se interessando e pedindo pra gente postar. Decidimos tentar, mas não sabíamos nem precificar, nem nada…”, explica Guilherme.

Quando viram que a ideia estava dando certo e a marca podia ir além de só uma brincadeira, decidiram encarar a Reeskate como uma marca e profissionalizar o lifestyle.

“A gente não tinha limite, dava pra fazer de tudo. Aí, começou a entrar dinheiro, começamos a comprar material pra produzir, máquinas também”, diz Gustavo.

“Começamos a substituir rolê de skate pra ir lá produzir”, conta Guilherme.

Atualmente, a marca é administrada por cinco integrantes: Gustavo Cezaretti, 22, Guilherme Bortoletto, 22,  Rodrigo Nishida, 21, Tiago Nishida, 41, e Pedro Lotfi, 23. O grupo divide as funções que vão desde a manufatura até a pesquisa de mercado, passando pela distribuição nas redes sociais.

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Os chaveiros, peças feitas pela marca
Foto: Reeskate/Reprodução

OBJETIVO DA MARCA

Guilherme e Gustavo contam que além da parte comercial, um dos objetivos da Reeskate é transformar a marca numa ideia, seguindo os princípios de arte, sustentabilidade e skate, sempre investindo nas redes sociais para que alcance um público plural e fiel aos ideais do grupo.

“A gente tem o lifestyle de skatista, ai aderimos o que estávamos produzindo na nossa vida mesmo. Antes, o shape quebrava e a gente não sabia o que fazer com ele. Os shapes eram bonitos e decidimos brincar com isso usando referências da gringa”, explica Gustavo. Ele conta que, desde o início, entraram em contato com skatistas amadores e lojas de skate, que se propuseram a ajudar um projeto diferente. “Eles nunca tinham visto, ficavam meio em choque, falavam: ‘nossa, que daora, vou ajudar”, continua.

A marca conta com a ajuda de vários skatistas pelo Brasil que descartam seus skates quebrados em skateshops parceiras da marca. Assim, a Reeskate mantém o seu estoque de matéria prima sustentável, possibilitando a criação de diversas peças, desde chaveiros até banquetas e mesas.

“Hoje em dia tem muita marca chegando junto só pra ter um apelo sustentável, aí tem que ver o que faz sentido ou não. Também começamos a entrar no mundo da moda”, explica Guilherme.

PROCESSO DE TRABALHO

A dupla explica sobre todo o processo de transformação do shape e o porquê de cada peça ser única. A marca já conta com oficina e máquinas que facilitam na produção e a maioria das peças são feitas sob encomenda. Eles comentam que, atualmente, o catálogo já conta com mais de 80 peças diferentes e exclusivas.

“Geralmente, a gente pega o shape trincado ou estourado mesmo, tira a lixa, a cola e depois faz a marchetaria, que é cortar o shape mesmo, desossar ele em vários pedaços e fazer o que você quer”, explica Gustavo.  

Ele fala que a Reeskate é sua principal atividade, cuidando sozinho da produção das peças, atrela a marca com a faculdade de Publicidade e todos os outros sócios participam de outras formas na administração e distribuição da marca, mas sempre pensando juntos nas possibilidades.

“A gente pensa em ser uma comunidade Reeskate, tá ligado? Não só uma marca de shape. Uma coisa também que a gente acredita pro futuro próximo, é que como cada peça é única, não dá pra fazer a mesma coisa de novo porque o shape já foi. E esse shape pode ter sido usado lá em Santa Catarina, foi quebrado por alguém que deu muita trick [manobra de skate] e a gente usou pra fazer um cinzeiro aqui em São Paulo”, diz Guilherme.

A dupla aposta em drops para o crescimento da Reeskate, estilo de lançamento de peças únicas e exclusivas. “Se a gente fizer um drop, 15 cinzeiros, numerados, você vai ficar louco pra ter um porque não vai existir mais, sabe?”, aponta Guilherme sobre o futuro da marca.

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Porta copos produzidos pela marca
Foto: Reeskate/Reprodução

PLANOS PARA O FUTURO, COLABS E EXPOSIÇÕES

Gustavo e Guilherme acreditam muito em colaborações com diversos segmentos, já que a ideia da marca consegue se adaptar em diferentes mercados.

“Não tem limite, se um cara tem uma marca de roupa e quer fazer chaveiros pra marca dele, podemos fazer, sabe? Já fizemos troféu, botão de calça e até parceria com pizzaria. O bagulho é a criatividade. O que a gente mais acredita é em collab mesmo”, diz Gustavo.

A dupla conta que enxergam o futuro da marca muito relacionado ao mercado de arte e na exclusividade de cada item. E também, no potencial financeiro que a marca tem capacidade de atingir.

“O sonho é se aposentar e viver da Reeskate”, comenta Guilherme.

Autores: João Pedro Mubarah e Mariana Cury.

Fonte: Cásper Líbero.