Jazz: baixa popularidade e más condições de trabalho; veja o que músicos falam do gênero.
No dia 30 de abril, é comemorado o Dia Internacional do Jazz. A data, criada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em 2011, é dedicada ao gênero musical que nasceu no início do século 20 em Nova Orleans, Estados Unidos.
O estilo se popularizou na comunidade negra por conta de elementos do Blues e Ragtime – outros dois gêneros de origem afro-americana – e também pelo gingado imprevisível e diferente do que se ouvia na época, o tal do “cakewalk”. Logo o Jazz caiu no gosto do público, artistas negros como Louis Armstrong e Herbie Hancock ganharam notoridade no meio musical.
Fora dos EUA
A popularização do genêro na América do Sul começa na Argentina e no Brasil, sendo mais forte em nossa casa. Os detalhes desse crescimento são notórios pela influência do Jazz na criação de ritmos como o Samba-Jazz e a Bossa Nova, além do reconhecimento de artistas como João Gilberto e Johnny Alf, nos anos 60.
Segundo o baterista Lael Medina, Jazz é: “Improvisação. Qualquer som que tenha isso tem a ver com Jazz“. O cenário nacional sempre foi composto por muitos músicos ligados ao gênero, mas nos últimos anos o número caiu drasticamente.
Para Medina, idealizador do projeto Tânia Maria, que reúne apresentações em homenagem a artista brasileira, a falta de popularidade e as más condições de trabalho são fatores determinantes para a queda.
“O músico que é versátil, trabalha mais e, consequentemente, ganha mais. Alguns que trabalham com famosos, conseguem se manter apenas da música, diferentemente da maioria. Os que trabalham, por exemplo, com Ivete Sangalo e outros cantores, devem economizar e fazer uma poupança. Os artistas começam suas turnês em março e terminam em novembro, ou seja, são três meses que eles (músicos) ficam sem trabalho. É algo a se pensar. Há alguns lugares que pagam corretamente, outros demoram meses, muito raramente recebemos o dinheiro adiantado. É uma carreira instável“, comenta o baterista.
Além da instabilidade financeira, os músicos, hoje, são reféns de bares e casas de Jazz que incorporam outros gêneros durante as apresentações, como forma de atrair público.
“Os locais de apresentação não se sustentam apenas com o Jazz. Então colocam outras atrações mais chamativas, no intuito de atrair pessoas. O bar precisa se manter de alguma forma. Como o gênero não dá esse retorno, os espaços começam a colocar cantores e bandas de Pop, Samba, MPB, entre outros“, lamenta o pianista e professor de música Beto Bertrami.
Há luz no fim do túnel
Apesar do Jazz não estar vivendo o seu melhor momento no Brasil, ainda existem espaços dedicados ao gênero em São Paulo.
JazzB – Rua Gen. Jardim, 43 – República
Blue Note – Av. Paulista, 2073 – Bela Vista
All of Jazz – Rua João Cachoeira, 1366 – Itaim Bibi
Além desses locais, o gênero também possui um festival, o Sampa Jazz Festival. O evento é gratuito e conta com diversas apresentações. Este ano ainda não há data marcada. Segundo a organização, haverá atualizações em breve.
Autor: Rodrigo G. Bonini.
Fonte: Cásper Líbero.