A importância das categorias de base no desenvolvimento de meninas atletas e na criação de maiores oportunidades de profissionalização no futebol.
A ausência de estrutura no futebol feminino por muito tempo agiu até nos pequenos preparos de uma profissional, como a inexistência de categorias de base ou programas que incentivassem a prática esportiva.
Mas, com o tempo, as modalidades femininas vêm conquistando seus espaços e adquirindo infraestruturas necessárias. É por isso que projetos como o “Em busca de uma estrela” e o “Ska Brasil” são uma segurança de que futuras jogadoras estão recebendo o suporte necessário para o desenvolvimento do esporte no país.
PROJETO EM BUSCA DE UMA ESTRELA
Lançado no dia 28 de junho de 2022, o projeto “Em busca de uma estrela” promoveu durante o seu primeiro ano de existência a realização de peneiras em bairros de alta vulnerabilidade social, na cidade de São Paulo, oferecendo oportunidades e contribuindo para a formação pessoal das atletas, além do treinamento técnico. A proposta do projeto é ser um fator para mudanças do futebol feminino brasileiro, ao utilizar do esporte como um instrumento social e de transformação na educação das meninas, para que, futuramente, elas possam se inserir no mercado esportivo, uma espécie de draft.
Além disso, a missão de realçar a equidade de gênero e o empoderamento feminino por meio do futebol é algo muito importante para os fundadores e apoiadores. Com valores bem estabelecidos, o projeto trabalha como um mediador, o meio de campo, entre as jogadoras e os times profissionais.
Para que isso aconteça, o “Em busca de uma estrela” conta com uma equipe especializada no atendimento e desenvolvimento de todas as atletas participantes. Sobre esse traço do projeto, a atual jogadora do Santos e artilheira dos Jogos Olímpicos, Cris Rozeira, reforça a importância desse suporte para as atletas.
“No meu início, eu não tive base e não tive formação educacional adequada. Imagino que mundialmente falando, se eu, Marta e Formiga, por exemplo, tivéssemos tido uma preparação melhor, sem dúvidas teríamos atingido outro patamar. Vamos captar, dar oportunidade, coisa que não tive, como a maioria das atletas profissionais atuais.”
Ao final do primeiro ano, as atletas ganham uma a formatura e, durante o evento, recebem oportunidades diretas de clubes paulistas que disputam campeonatos oficiais.
SKA BRASIL
Fundando em 2021, pelo presidente Edmílson Moraes, pentacampeão com a camisa da seleção brasileira, o Ska Brasil (base feminina) é um novo time de base do futebol feminino. Na atual temporada, de 2023, um novo elenco e uma nova comissão técnica foram reapresentados, com o objetivo de abrir portas para novas meninas que sonham em ser jogadoras profissionais de futebol no futuro. O atual técnico da base, Guerra, vem trabalhando e desenvolvendo o elenco de jovens, que promete brilhar no campeonato paulista sub-17.
Guerra afirma, com muita certeza, o futuro das meninas do Ska, “elas estão crescendo muito, estão tendo visibilidade!”, e ainda ressalta que como profissional e pai tem uma satisfação grande de “ver o desenvolvimento delas e saber que em um futuro bem próximo elas estarão em equipes muito bem estruturadas”.
Edmílson é o embaixador e responsável pelos investimentos neste projeto de base, que vem crescendo e ganhando visibilidade ano após ano.
Em 2022, o elenco teve uma grande dificuldade de atuação no Paulista sub-17, perdendo todos os seus jogos. Apesar dos perrengues, o time venceu a nova divisão especial do Paulistão Feminino.
Jhojho, jogadora do atual elenco do Ska Brasil, comenta sobre sua trajetória até a chegada no esporte profissional, “comecei jogando futebol com 15 anos, foi muito espontâneo, eu vim do ballet, da ginástica, do teatro e, por conta da taça das favelas, eu quis aprender a jogar futebol, também para mostrar aos meninos da minha escola que eu podia, que um dia eu ia chegar no profissional, para mostrar pra eles que eu conseguia. E hoje eu estou aqui no Ska”.
Em 2023, o time do Ska Brasil recebeu mais investimentos e recursos para a progressão do time feminino, visto que agora também estão jogando o Campeonato Paulista profissional.
Para as meninas que compõem o time principal, o Ska não é visto apenas como um time de futebol, e sim como uma oportunidade de se desenvolver nas habilidades e técnicas esportivas, assim como na evolução pessoal de cada atleta, visto que muitas meninas definem o time como uma família e o treinador como um pai. JhoJho cita, “O Guerra me acolheu muito, me dava dinheiro para lanche e para passagem. Assim que eu fui crescendo, através da oportunidade de ter feito parte do time do PSG, consegui realizar meu sonho de chegar até o profissional pelo Ska”.
Ambos os treinadores, Guerra e Marcus Mancha, optam por recrutar as jogadoras e deixá-las escolher em qual posição se sentem mais confortáveis, para assim possam prepará-las para os próximos desafios. Angelica Lavor comenta sobre sua troca de posição e o apoio significativo que recebe diariamente da comissão técnica, “eu era jogadora de linha, mas depois fui para o gol, e o Ska foi o primeiro time de base a me acolher e me dar essa oportunidade, e eu sou muito grata por isso.”.
O elenco de 2023, conta com mais de quinze meninas, que sonham em crescer e se desenvolver no futebol de alto rendimento. O Ska foi a porta de entrada para que muitas delas não desistissem de seus sonhos e conseguissem se sentir abraçadas e apoiadas umas pelas outras, visto que, a grande desigualdade de gênero, tanto no futebol, quanto em outros ofícios, ainda persiste no mundo. Angelica reforça, “não é fácil ser mulher dentro do futebol, mas estamos quebrando tabus e barreiras, buscando sempre a evolução deste processo. Minhas companheiras de time me ajudam bastante, sempre me dando muito apoio e muitas palavras de incentivo.”
O time ainda está em crescimento e desenvolvimento e busca aprimorar o nível profissional, implementando o alto rendimento a cada dia. Com apenas três pontos no Paulistão, o Ska ainda segue na competição, porém com o risco de não se classificar para a próxima fase. Com o objetivo de crescer, as atletas seguem em treinamento para a próxima partida do campeonato e para os próximos eventos, que ocorrerão ao longo do ano.
Autoras: Carolina Cunha e Clarissa Olívia.
Fonte: Cásper Líbero.