Como o desequilíbrio ecológico aumenta casos de doenças transmitidas por mosquitos

Um dos verões mais quentes da história de São Paulo certamente não ajudou na prevenção da doença que sempre volta nas temporadas de calor tropical: a dengue.

Inúmeros fatores contribuem para que doenças causadas por vetores – nesse caso, os mosquitos -, cresçam exponencialmente nessa época do ano: clima tropical, aumento das temperaturas e falta de predadores são algumas delas. Nesse âmbito, é possível afirmar que o desequilíbrio ecológico contribui para o aumento dos casos desse tipo de enfermidade no Brasil. doença

Desequilíbrio ecológico

Desde que a espécie humana começou a contribuir com a alteração do ambiente onde vive, as cadeias alimentares e os refúgios naturais foram comprometidos, resultando em uma perda considerável de biodiversidade.

“O desmatamento e o crescimento das áreas urbanas são os principais fatores que impulsionaram o aumento de pragas. A proximidade das grandes cidades com áreas naturais e o desmatamento nestes espaços facilitam o contato entre os vetores das doenças e a população, favorecendo assim sua propagação”, explica Luccas Longo, biólogo da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da cidade de São Paulo.  

Longo comenta também que a falta de permeabilidade (condição que permite a infiltração de água no solo) nas cidades e o calor intenso criam uma situação propícia para o desenvolvimento desses transmissores, que precisam de um lugar úmido e quente para se desenvolver, como é o caso do Aedes Aegypti, transmissor da dengue.

“A redução dos predadores naturais, que antes controlavam o aumento de insetos, agrava mais o problema, já que com a diminuição das espécies, é necessário o uso de produtos para eliminar as pragas, o que torna os mosquitos mais resistentes às formas de controle utilizadas”, aponta o biólogo. 

O aumento de casos de dengue em 2024 segue um padrão previsto, que acontece a cada 4 ou 5 anos, conforme dados divulgados pela vigilância epidemiológica. 

Questão de saúde pública  

O mosquito causador da doença se reproduz em água parada, o que significa que qualquer obra, propriedade ou canteiro que tenha acúmulo do líquido pode estar infectado com os ovos do Aedes. É importante que o monitoramento seja coletivo, para assim ser possível conter a epidemia.  

Prefeitura da Cidade de São Paulo, por exemplo, tem intensificado medidas contra o mosquito desde janeiro, aumentando o número de profissionais nas ruas e ampliando a assistência aos pacientes com a doença. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, apenas em 2024, mais de 3,5 milhões de ações de combate à dengue foram realizadas, incluindo visitas domiciliares, vistorias, bloqueios de criadouros e nebulizações. 

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Apesar disso, até a última semana de março, as vacinas ainda não tinham chegado ao município, causando pânico na população. Agora, com vacinas disponíveis, o grupo de risco, que é principalmente a população infantil, pode se vacinar nas UBS.  

Sintomas da doença e como se prevenir  

Os sintomas da dengue costumam aparecer de forma abrupta e duram em média de dois a sete dias, podendo variar dependendo do caso. Bárbara Peres, doutora da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, explica que febre alta, fortes dores de cabeça, dores musculares e nas articulações, vermelhidão no corpo e mudança de apetite são as manifestações mais comuns da doença. Para obter um resultado certeiro, o exame de detecção do vírus pode ser realizado entre o terceiro e o quinto dia de sintomas. 

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A médica ainda defende que, para a prevenção eficaz da dengue, é necessário eliminar todos os focos de água parada que possam virar criadouros dos mosquitos Aedes Aegypti. Alguns exemplos de possíveis criadouros são: pneus, garrafas de plástico, galões de água, vasos de plantas e recipientes diversos. É de suma importância que a prevenção seja cumprida de modo adequado e recorrente, evitando assim a proliferação e aumento dos casos da doença. 

Autores: Beatriz Castilhone, Vinicius Piazza, Luiza Festa e Victoria Waleska.

Fonte: Cásper Líbero.