19 livros sobre pessoas refugiadas para entender o deslocamento forçado 

Mais de 114 milhões de pessoas tiveram que deixar os seus países de origem até 2023. Confira leituras para entender os desafios e as vivências de quem teve de fugir por perseguições, conflitos e violações de direitos humanos. São opções para crianças e adultos.

A crise do deslocamento forçado vem se reafirmando como uma das realidades mais urgentes e complexas do mundo. Para compreendê-la, a literatura é uma ótima opção! Assim, expandimos a nossa solidariedade com os mais vulneráveis. O ACNUR, Agência da ONU para Refugiados, selecionou livros envolventes que contam experiências de pessoas refugiadas, tanto para adultos quanto para crianças. Confira: 

1. O Livreiro de Cabul 

  • Autora: Åsne Seierstad, da Noruega 
  • Lançamento: 2006 
  • Editora: Record 
  • 320 páginas  
Capa do livro O Livreiro de Cabul

Campeã nas listas de mais vendidas e traduzida para quarenta países, a obra é um relato jornalístico que mergulha na vida de uma família afegã durante regimes opressivos. O livro proporciona uma compreensão mais profunda das adversidades enfrentadas por pessoas refugiadas do Afeganistão.  

Após conviver três meses com o livreiro Sultan Khan, em Cabul, a jornalista norueguesa Åsne Seierstad compôs este retrato das contradições extremas e da riqueza daquele país. Por mais de 20 anos, Sultan Khan enfrentou as autoridades para prover livros aos moradores de Cabul, e assistiu aos soldados do regime opressivo queimarem pilhas e pilhas de livros nas ruas.

Por meio de uma narrativa envolvente, Åsne Seierstad dá voz à família Khan, apresentando ao leitor uma coleção de personagens comoventes que reflete as contradições do Afeganistão. 

2. A Menina que Sorria Contas  

  • Autoras: Clemantine Wamariya, de Ruanda, refugiada nos Estados Unidos, e Elizabeth Weil, dos Estados Unidos 
  • Lançamento: 2018 
  • Editora: Objectiva
  • 320 páginas  
Capa do livro A Menina que Sorria Contas

A história do livro se passa em 1994 e conta os desafios enfrentados pelas irmãs Clemantine, uma das autoras do livro, e Claire ao fugir do genocídio em Ruanda, umas das maiores calamidades humanitárias do século XX, que deixou mais de um milhão de pessoas mortas.  

Perdidas dos pais, as duas passam seis anos em fuga, atravessando sete países africanos. Com fome, violentadas e aprisionadas, elas são vítimas da mais desumana crueldade, mas também testemunhas da bondade e dos sorrisos de desconhecidos. Aos 12 anos, Clemantine recebe, com a irmã, o status de refugiada e parte para os Estados Unidos. 

3. O caçador de Pipas 

  • Autor: Khaled Hosseini, do Afeganistão, refugiado nos Estados Unidos 
  • Lançamento: 2003 
  • Editora: Globo 
  • 368 páginas  
Capa do livro O caçador de pipas

O romance conta a história da amizade entre Amir e Hassan, dois meninos que vivem no Afeganistão na década de 1970. Até que um dia, durante um campeonato de pipas, Amir perde a chance de defender Hassan ― e esse episódio marca a vida dos dois amigos para sempre.  

Vinte anos mais tarde, após Amir ter abandonado o Afeganistão e ter se estabelecido nos Estados Unidos, ele retorna ao país de origem, agora dominado por um regime opressor, e tem a oportunidade de acertar as contas com o passado. O autor Khaled Hosseini é Embaixador da Boa Vontade do ACNUR

4. O simpatizante

  • Autor: Viet Nguyen, nascido no Vietnã e criado nos Estados Unidos 
  • Lançamento: 2015 
  • Editora: Alfaguara 
  • 392 páginas  
Capa do livro O simpatizante

O livro apresenta ao leitor a vida de um agente duplo comunista anônimo, que se infiltra no exército sul-vietnamita e consegue se refugiar nos Estados Unidos depois da Queda de Saigon.  

Pessoa de confiança de um general que se recusa a admitir a derrota para os vietcongues, esse “homem de duas mentes” observa o esforço dos refugiados vietnamitas para sobreviver em Los Angeles enquanto secretamente reporta a seus superiores comunistas no Vietnã. 

5. Histórias reais de mulheres em situação de refúgio no Brasil: Afeganistão, Moçambique, Venezuela, Ucrânia

  • Autoras: Escrito por Mahboba Rezayi, do Afeganistão; Lara Lopes, de Moçambique; Francis Salazar, da Venezuela; Natalia Moroz, da Ucrânia. Organizado por Luciana Capobianco, do Brasil 
  • Lançamento: 2023 
  • Editora: Planisfério 
  • 208 páginas  
Histórias reais de mulheres em situação de refúgio no Brasil

As autoras refugiadas contam suas histórias nesse livro da Coleção Estou Refugiado, que reúne obras desenvolvidas pelo Instituto Estou Refugiado, ONG em São Paulo que tem como foco a inserção de refugiados no mercado de trabalho.

Tem como objetivo trazer à luz os dramas e as alegrias, a realidade e os sonhos das pessoas que chegam ao Brasil em busca de melhores condições de vida, liberdade e dignidade.

Numa perspectiva feminina, a série se debruça sobre as aspirações e histórias do passado, presente e futuro das autoras e das pessoas refugiadas. A obra foi organizada pela presidente do instituto, Luciana Capobianco.  

6. Refugiados

  • Autor: Alan Gratz, dos Estados Unidos 
  • Lançamento: 2019 
  • Editora: Galera 
  • 288 páginas  
Capa do livro Refugiados

Os dramas de Josef, Isabel e Mahmoud, três jovens da Alemanha nazista, Cuba e Síria, e tempos históricos muito distintos se cruzam em uma narrativa simultânea.

Ao lado de suas famílias, eles encaram perigos inimagináveis, como naufrágios, bombardeios e traições, em suas jornadas de fuga.

Três trajetórias separadas por diferentes continentes e décadas, mas conectadas pela mesma busca por liberdade e esperança. 

7. O ACNUR antes e depois da Operação Acolhida: uma análise à luz da resposta humanitária brasileira 

  • Autor: João Carlos Jarochinski Silva, do Brasil 
  • Lançamento: 2022 
  • Editora: Acnur 
  • 56 páginas  
Capa do livro ACNUR antes e depois da Operação Acolhida

A obra contempla diferentes olhares sobre o processo de atuação do ACNUR na resposta emergencial à população venezuelana e ao processo de integração de pessoas refugiadas e migrantes dessa nacionalidade e de diversas outras que seguem buscando proteção internacional no Brasil.  

Alimentado por entrevistas realizadas junto a profissionais do ACNUR, entes públicos e organizações da sociedade civil, o livro foi escrito com o apoio de João Carlos Jarochinski Silva, professor doutor da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e pesquisador do tema do deslocamento forçado.

A obra apresenta números e histórias marcantes da Operação Acolhida. O livro está disponível para download no site do ACNUR. Saiba mais aqui

8. Pessoas Forçadas a se Deslocar: história, mudança e desafios 

  • Autora: Ninette Kelley, do Canadá 
  • Lançamento: 2022 
  • Editora: Acnur 
  • 570 páginas  
Capa do livro Histórias reais de mulheres em situação de refúgio no Brasil

O livro escrito pela ex-funcionária e liderança do Acnur Ninette Kelley se baseia nas lições da história para investigar como podemos melhorar as respostas ao deslocamento forçado.

Rastreando as raízes do problema desde a história antiga até aos tempos contemporâneos, o livro mostra como a Convenção de 1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados transformou os ideais seculares de segurança e soluções para os refugiados numa prática global.

A obra também destaca as principais conquistas na proteção das pessoas forçadas a se deslocar desde então, ao mesmo tempo que explora sérios reveses ao longo do caminho. Leia aqui

9. O homem que queria salvar o mundo: uma biografia de Sérgio Vieira de Mello 

  • Autora: Samantha Power, dos Estados Unidos 
  • Lançamento: 2008 
  • Editora: Companhia das Letras 
  • 688 páginas  
Capa do livro O homem que queria salvar o mundo

A obra aborda a vida de Sergio Vieira de Mello, filósofo e diplomata brasileiro que desempenhou papéis de grande relevância como alto funcionário da ONU, principalmente voltados para a área humanitária, incluindo a proteção e o acolhimento de pessoas refugiadas. 

Ele tornou-se funcionário da ONU quando tinha 21 anos. Passou a maior parte de sua carreira servindo missões pelo ACNUR. Atuou em crises humanitárias em Bangladesh, Sudão, Chipre, Moçambique e Camboja, trabalhando com refugiados e em campos de guerra. Mello foi morto no Iraque em 2003, vítima de um atentado. 

Essa envolvente biografia não apenas retrata a vida de Mello, mas também se revela como uma profunda análise das crises de deslocamento forçado que marcaram as décadas de 1970 a 2000, com especial ênfase nas situações emergenciais vivenciadas na África e na Ásia. 

10. Borboleta: de refugiada a nadadora olímpica

  • Autora: Yusra Mardini, da Síria, refugiada na Alemanha 
  • Lançamento: 2022 
  • Editora: HarperCollins 
  • 312 páginas  
Capa do livro Borboleta: de refugiada a nadadora olímpica

Yusra Mardini tinha apenas 17 anos quando fugiu da Síria em um barco com outros 20 refugiados rumo à Grécia. Quinze minutos após a partida, o motor da embarcação para e, ao perceber que todos estão prestes a afundar em alto mar, ela entende que só tem uma alternativa: nadar.  

Ao lado da irmã e de outros dois refugiados, ela nada durante três horas e meia puxando o barco pelo Mediterrâneo até a costa, dando uma segunda chance a todos.

O livro conta a história de força e bravura de Yusr a desde sua vida nos subúrbios de Damasco em meio à guerra até a realização do sonho de competir nas Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, quando se tornou nadadora integrante da Equipe Olímpica de Refugiados. Hoje, ela é Embaixador da boa vontade da ACNUR. 

O livro ganhou uma adaptação em filme em 2022, chamado “As Nadadoras”. Dirigido por Sally El Hosaini, está disponível na Netflix. Veja esse e outras produções audiovisuais para entender mais os desafios dos refugiados aqui.

11. Valentes: histórias de pessoas refugiadas no Brasil

  • Autoras: Aryane Cararo e Duda Porto de Souza, do Brasil 
  • Lançamento: 2020 
  • Editora: Companhia das Letras 
  • 296 páginas  
Valentes: histórias de pessoas refugiadas no Brasil

A fim de combater as notícias falsas e o preconceito com as pessoas refugiadas, as jornalistas Aryane e Duda reuniram histórias de vida emocionantes de pessoas de mais de 15 nacionalidades que vieram ao Brasil para fugir de conflitos e perseguições, em busca de um lugar onde pudessem de fato viver em paz.  

A obra também traça um panorama histórico do deslocamento forçado no Brasil e no mundo, com infográficos sobre os principais conflitos que geraram esses fluxos. 

12. Uma esperança mais forte que o mar: a jornada de Doaa Al Zamel 

  • Autora: Melissa Fleming, dos Estados Unidos 
  • Lançamento: 2017 
  • Editora: Rocco 
  • 272 páginas  
Capa do livro Uma esperança mais forte que o mar: a jornada de Doaa Al Zamel

Doaa Al Zamel era uma menina síria comum, criada em uma casa de uma cidade movimentada perto da fronteira com a Jordânia. Em 2011, sua vida sofreu uma reviravolta quando os sírios começaram a se levantar contra o regime opressor.  

A família dela decidiu partir da Síria para o Egito, onde esperava ficar em paz até poder retornar ao país natal. Meses depois da chegada, o governo egípcio foi derrubado e o ambiente se tornou hostil para os refugiados. Em meio a esse caos, Doaa se apaixona por um jovem que lhe propõe casamento e a convence a fugir para a promessa de segurança e um futuro melhor na Europa.  

Depois de quatro dias de tensão no mar num pesqueiro dilapidado com outros 500 refugiados, outro barco cheio de homens furiosos gritando insultos ataca o pesqueiro, afundando-o e fazendo com que os passageiros se afogassem.  O livro é escrito por Melissa Fleming, diretora de Comunicações do ACNUR. 

13. Longa pétala de mar

  • Autora: Isabel Allende, do Peru, criada no Chile e refugiada nos Estados Unidos 
  • Lançamento: 2019 
  • Editora: Bertrand Brasil 
  • 280 páginas  
Capa do livro Longa pétala de mar

Em plena Guerra Civil Espanhola, o jovem médico Víctor Dalmau e sua amiga, a pianista Roser Bruguera, são obrigados a abandonar Barcelona, exilar-se e atravessar os Pirineus rumo à França.

A bordo do Winnipeg, navio fretado pelo poeta Pablo Neruda, que levou mais de 2 mil espanhóis para Valparaíso, no Chile, eles embarcaram em busca da paz e da liberdade que não tiveram no próprio país. 

Recebidos como heróis no Chile, os dois se integraram na vida social do país durante várias décadas até o golpe de estado que derrubou Salvador Allende (tio da escritora Isabel Allende), com quem Víctor estava ligado por laços de amizade, graças à paixão pelo xadrez. 

Para crianças: 

14. Deixando para trás

  • Autora: Ana Dantas, do Brasil 
  • Lançamento: 2017 
  • Editora: Franco 
  • 32 páginas  
Capa do livro Deixando para trás

O que é xenofobia? Kiara e seus colegas terão que fazer uma apresentação para a professora sobre o tema. A turma vai receber um colega refugiado da Síria. E o que é refugiado?

Zayn entra na sala com o olhar perdido e ombros caídos, sob o peso da vivência de uma tragédia humanitária em plena infância. Nessa trajetória de inúmeras descobertas, o que os dois não consideram é que se tornarão melhores amigos.

E, mais do que isso, descobrirão na prática o que é essa tal de xenofobia. Trata-se de uma história de esperança e futuro para uma criança refugiada no Brasil que fala de amor ao próximo. 

15. Mustafá

  • Autora: Marie-Louise Gay, do Canadá 
  • Lançamento: 2019 
  • Editora: Brinque-Book 
  • 40 páginas 
Capa do livro Mustafá

O livro ilustrado conta a história de um garoto que teve que sair do país de origem com a família, e aos poucos, descobre um novo lar. A Lua, as estações, as flores, os insetos e a música desse lugar ora lhe lembram a antiga terra, ora o encantam pelo que têm de diferente do que ele conhecia.  

Mesmo com esse mundo novo a descobrir, Mustafá se sente invisível ali onde as pessoas falam um idioma que ele não entende. Certo dia, conhece uma menina que mostra a ele que a amizade, a gentileza e o afeto superam as fronteiras entre idiomas e lugares. 

16. Um outro país para Azzi

  • Autora: Sarah Garland, do Reino Unido 
  • Lançamento: 2012 
  • Editora: Pulo do Gato 
  • 40 páginas  
Capa do livro Um outro país para Azzi

Azzi e seus pais correm perigo e precisam fugir às pressas, abandonando sua casa, seus parentes, amigos, trabalhos e cultura. Ao embarcarem rumo a um país desconhecido, levam, além da pouca bagagem, a esperança de uma vida mais segura.  

Azzi enfrenta a saudade que sente da avó e muitos desafios: aprender outra língua, compartilhar a preocupação dos pais, adaptar-se à nova casa e cidade, frequentar a nova escola e fazer novas amizades.

Baseada em pesquisas e na experiência da autora, que conviveu com famílias de refugiados, a narrativa se apoia tanto no texto quanto na imagem para retratar o drama de uma criança refugiada em processo de adaptação. 

17. Nenhum peixe aonde ir

  • Autora: Marie-Francine Hébert, do Canadá 
  • Lançamento: 2006 
  • Editora: SM
  • 48 páginas  
Capa do livro Nenhum peixe aonde ir

Com linguagem poética e ilustrações delicadas que revelam o abismo entre os sonhos da infância e a violência das guerras, esse livro conta a história de uma menina e sua família que têm que deixar a própria casa em um dia ensolarado.  

Pode o inimigo ser alguém de quem gostamos? O que levar quando é preciso fugir? Como deixar para trás o peixe ao qual se prometeu o mais belo universo? 

18. Dois meninos de Kakuma

  • Autora: Marie Ange Bordas, do Brasil 
  • Lançamento: 2018 
  • Editora: Pulo do Gato 
  • 72 páginas  
Capa do livro Meninos de Kakuma

A obra fala da vida de duas crianças, Geedi e Deng, no campo de refugiados de Kakuma, no Quênia. O local existe desde 1992 e é onde atualmente moram quase 200 mil pessoas.

Através de fotoilustrações, é possível conhecer um pouco de cotidiano, passado, sonhos, afetos e inquietações dessas crianças, uma nascida no próprio campo e a outra vinda sozinha do Sudão. 

19. Eu estou aqui

  • Autora: Maísa Zakzuk, do Brasil 
  • Lançamento: 2019 
  • Editora: Panda Books 
  • 110 páginas  
Capa do livro Eu estou aqui

Morar em um novo país, aprender uma nova língua, fazer novos amigos… Foram esses os desafios enfrentados por Sebastien, que veio do Haiti, e por Rimas, nascida na Líbia, além das outras dez crianças cujas histórias são retratadas neste livro.  

Todas precisaram deixar a terra natal por diferentes motivos, como guerra civil, conflitos políticos, desastres naturais e crises econômicas. Eles vêm ao Brasil para reconstruir suas vidas. São depoimentos repletos de coragem, sabedoria e esperança. 

Fonte: ACNUR/ONU.