Conheça a jornada pessoal e profissional de Erica Parma, editora da Rede Globo. saiba como a jornalista conciliou a maternidade com o trabalho.
Convidada por um grupo de quatro estudantes de jornalismo, Erica Parma, 56, as recebeu em sua casa, em Santo Amaro, na capital paulista, para uma conversa um tanto quanto inusitada. Interessadas no perfil da aclamada jornalista, as meninas queriam saber mais sobre sua vida e trajetória profissional.
Sempre muito cuidadosa, ofereceu-se para buscá-las na estação de trem João Dias. Simpática e com um sotaque mineiro contagiante, contou sua rotina recente e lamentou que a conversa não tenha acontecido na sede da Rede Globo, onde trabalha. Contou também que mora próximo à emissora pois pretendia ir até lá de bicicleta, uma de suas paixões.
Chegando ao apartamento aconchegante e repleto de plantas que divide com a filha, Isadora, a conversa fluiu com Erica relatando como enxerga o jornalismo e o poder da comunicação. Multifacetada, já foi repórter, assessora, teve sua própria empresa de comunicação e, atualmente, é editora do Jornal Nacional.
Jornalista experiente, sugeriu às meninas um título para o próprio perfil, já que, em 2021, postou uma frase que a inspirou: “A informação é o que te mantém vivo”. Em meio à pandemia, emotiva e longe de sua família, Erica disse que a citação gerou um “trem” nela pois, não por coincidência, o Dia do Jornalista e o Dia Mundial da Saúde acontecem na mesma data: “Perdi muita gente e postei: ‘Não é à toa que é no mesmo dia, é a informação que te mantém vivo’.”
CRIA DE LUA CHEIA
Belo Horizonte, 6 de maio de 1966, sexta-feira de lua cheia. Foram esses os detalhes que marcaram o dia do nascimento de Erica, a quinta filha de uma família de seis — dois homens e quatro mulheres.
Desde pequena, Erica sabia que seu futuro se encontrava no jornalismo e sempre teve grande admiração pela língua portuguesa. O pai, Jovelino, foi peça essencial em sua trajetória profissional, seu maior incentivador. Erica o descreve, com enorme paixão, como um autodidata. Foi professor no interior de Minas Gerais, gostava muito de música e chegou a escrever nos jornais da faculdade em que dava aula e nos da cidade em que morava. Por conta disso, ele e sua filha sempre compartilharam o mesmo apreço por livros, trocando-os como presentes. Quando Erica completou 7 anos, Jovelino, cansado de tanto gastar com literatura, presenteou a filha com uma assinatura do “Círculo do Livro”:
“Era uma assinatura mensal em que você podia escolher e o livro chegava na sua casa. E aí eu lia altas obras, e eram só títulos bacanas.”
Erica compartilha muitas lembranças com o pai. Mesmo não estando presente na sua formatura, a jornalista sempre se refere a ele com muito amor e muito carinho, mostrando-se muito admirada e grata por seu Jovelino.
ANOS DE FORMAÇÃO
Erica sempre soube que o poder das palavras a encantava. Desde jovem, mergulhava em livros, explorando mundos desconhecidos e se maravilhando pelos personagens jornalistas. Ao ingressar na universidade, decidiu seguir sua paixão pela linguagem no curso de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, buscando se aprofundar no seu próprio idioma. Apesar de estar em uma área diferente, a família sempre desconfiou que ela seria uma grande jornalista.
“Meu pai, quando fiz letras, ele me perguntou: pra que? Eu tinha 16 anos e respondi que era porque queria, mas ele me sugeriu ir para o jornalismo de uma vez. Minha família sempre me apoiou, sempre.”
No entanto, conforme os semestres passavam, a vida universitária foi enfrentando algumas dificuldades. Na época, existiam constantes greves na UFMG, o que a deixava frustrada, já que estava ali buscando algo mais dinâmico. Com a baixa frequência de aulas, Erica tomou a decisão de embarcar na jornada atrás do seu maior sonho: o jornalismo. E foi assim que surgiu a semente de prestar o vestibular para a PUC Minas.
“Fiz vestibular para PUC Minas e passei. No meu primeiro semestre teve a primeira greve da história, pensei: “nossa, acho que o problema sou eu!”. Mas eu escolhi a faculdade por conta da estrutura. Lá tinha laboratório, um curso bacana sendo formado, então não tive dúvidas.”
O ambiente era energizante, cada aula tornava-se um novo desafio, uma oportunidade de conhecer sobre as diferentes áreas da profissão: reportagem, edição, fotografia e muito mais. Erica estava fascinada com as possibilidades. À medida em que os anos avançavam, a jornalista mergulhava em diferentes projetos, como o jornal da faculdade e o radiojornal “Boca a boca”. Aproveitando cada oportunidade para aprimorar suas habilidades e desenvolvendo o que no futuro seria o seu maior aliado: o talento de transmitir informações de forma clara e concisa, entendendo o dilema de lidar com a responsabilidade de noticiar sobre diferentes vidas.
Apesar de muitas obrigações, a aluna não deixava que sua vida social fosse sacrificada. Era de seu entendimento que a experiência universitária existia além da sala de aula e que cada aspecto contriburia para o seu crescimento pessoal e profissional. O bar Quincas foi onde Erica construiu amizades e memórias duradouras, que servem como um lembrete constante que a rotina monótona não cabia a ela. Adriana Von Krueger, 56, amiga e colega de profissão compartilha algumas memórias com a jornalista:
“Fizemos muitos trabalhos juntas. Nosso trio, até hoje inseparável, era desde essa época complementar. Ela chegou na nossa turma no segundo ou terceiro período e, desde então, seguimos juntas.”
No início da década de 1990 o mundo acadêmico passou a incluir um importante projeto para a grade curricular: o trabalho de conclusão de curso. E, ao mesmo tempo, o jornalismo passava por uma constante evolução, com o surgimento de novas plataformas e assuntos. Pensando nisso, Erica trouxe para seu TCC o tema da ecologia urbana, assunto pouco debatido na época. Aplicando o que foi ensinado até então, a formanda e seus colegas definiram que o projeto deveria ser o jornalismo aplicado na prática e montaram uma assessoria de imprensa.
A agência foi criada para representar a ONG Parque Lagoa do Nado, uma instituição comprometida com a preservação ambiental do parque de mesmo nome. Desde a logo até o press release, a organização crescia junto com as habilidades da estudante.
“Adivinha quem fez tudo? Eu. Um grupo de dez pessoas e eu que escrevi tudo, eu que fiz tudo. Só eu tinha computador em casa, porque era difícil, e ele imprimia fazendo barulho. Montamos uma assessoria com press release e tudo mais. Eu acredito até hoje que todo TCC deveria ser isso, usar a sua experiência para ajudar algum lugar que esteja começando.”
Até hoje, a ONG utiliza a mesma logo pensada em 1990 por Erica e seus amigos.
O PRIMEIRO PASSO RUMO À TELEVISÃO
O início de Erica na televisão veio de forma inesperada. Enquanto a Record lançava suas operações em Belo Horizonte, ela estava trabalhando na área de assessoria de imprensa. Sua grande paixão sempre foi o jornalismo comunitário, e desde o início de sua formação ela buscou alcançá-la. Foi quando surgiu a oportunidade de ingressar na emissora através do convite de uma amiga: “Vamos fazer TV comigo?”. Graças às experiências anteriores com o microfone por conta da faculdade, e movida principalmente pela curiosidade e determinação, ela aceitou o desafio.
O primeiro grande teste veio com a privatização da Açominas, siderúrgica mineira que foi privatizada em setembro de 1993. Sem entender os detalhes do processo, a jornalista expressa sua perplexidade com humor, com frases como “gente, meu deus do céu”. O assunto não fazia parte de sua área de conhecimento naquele momento, mas ela não hesitava em admitir sua falta de compreensão e buscava esclarecimentos.
Aos 24 anos, Erica já estava na Record rodeada de jornalistas de renome e veículos de grande prestígio, como Globo, Band e SBT. A profissional relembra com humor ao se deparar com acionistas japoneses em uma ocasião. Ela não teve dúvidas quanto expressar sua confusão e pedir explicações sobre o que estava acontecendo ao redor. Uma lição importante que a comunicadora aprendeu foi que no jornalismo não se pode ter medo de admitir quando não se sabe de algo. Essa atitude foi ensinada a ela por Antônio Carlos Magalhães, ex-governador da Bahia, conhecido como Toninho Malvadeza. A resposta de Toninho ficou marcada com ela: “Gosto de gente assim, quando é burra, pergunta”.
DA RECORD À GLOBO, DE MINAS A SOROCABA
Ainda em Minas Gerais, após retornar de suas férias e com um ano trabalhando na Record, Erica recebeu propostas de emprego da Manchete, SBT, Band e Rede Globo, escolhendo a última opção. Já divorciada e mantendo segredo, a jornalista fez o teste de admissão e acabou “bombando”. Depois de uma noitada, Erica, que havia dormido na casa de seu paquera da época, acordou e, com a mesma roupa da night, foi assinar seu contrato no RH. Em questão de pouco tempo, foi chamada para cobrir um julgamento importante que estava acontecendo:
“Meu chefe de edição, o Zana, me ligou e falou assim: ‘Oi, Erica, tudo bem? Tá acontecendo um julgamento lá no fórum e a equipe vai te pegar aí e te levar’. Aí eu, que não tinha nem crachá, só falei: ‘Beleza’. Fiz um stand up que entrou pro MGTV, liguei pra minha mãe e disse: ‘Liga a televisão e põe no canal tal’, aí ela falou: ‘Por quê?’ e aí… Surpresa!”
Durante os anos de Erica como repórter, muitas histórias a marcaram. Uma que carrega consigo até hoje é o caso do sequestro de Miriam Brandão, que cobriu para a Globo Belo Horizonte no ano de 1992. A menina de apenas cinco anos foi raptada na véspera de Natal e seu corpo encontrado uma semana depois. Ela relatou que não conseguiu manter-se neutra frente a tamanha crueldade. O caso, que completou 30 anos no ano passado, foi relembrado pela MGTV:
Foi através da curiosidade que Erica se tornou uma profissional mais completa. Atitudes determinadas impulsionaram a carreira da jornalista ao longo dos anos, permitindo que ela se destacasse em diferentes meios de comunicação. Por muito tempo trabalhou como repórter, o que a levou até mesmo para o Distrito Federal para trabalhar na Globo Brasília. Ao retornar, montou uma empresa de comunicação institucional, na qual desenvolvia vídeos para grandes corporações.
Em 1998, preparando-se para uma viagem à Itália, onde faria um curso de roteiro com sua empresa, Erica foi chamada por Zana para cobrir suas férias por três meses em Sorocaba, mas acabou ficando lá por 21 anos. Durante o período, conheceu seu marido, Fábio, teve duas filhas e fez amizades que carrega no coração até hoje: “Sorocaba era um paraíso, não tinha encheção de saco, não tinha nada. Eu gostei muito.”
Com a chegada de sua primeira filha, a jornalista optou por deixar o microfone e a rotina de repórter de lado e focar na área de produção e edição. Em seu primeiro trabalho, Erica ainda não tinha muito domínio, mas aprendeu com o tempo. Ela trabalhou, durante todos os 21 anos em Sorocaba, na TV Tem — emissora afiliada à Rede Globo. Optou por ficar na cidade por todos esses anos, pois queria algo mais calmo do que vir direto para a capital. Quando os convites surgiam, ela recusava, pensando que São Paulo não seria o lugar ideal para se criar um filho: “Eu não vim antes porque as meninas eram pequenas, e eu não tenho ninguém aqui em São Paulo. Como é que você cria filho aqui em São Paulo?”
Quando suas filhas se formaram, Erica recebeu o convite para trabalhar na Rede Globo, agora na capital e, então, decidiu agarrar a oportunidade após um banho frio de cachoeira. “Eu já ficava mais aqui do que em Sorocaba, e as meninas iam entrar na faculdade, cada uma cuidando da sua vida. Aí eu pensei ‘por que não?’, aproveitei o momento e vi que era a minha hora”. Chegando em casa, tomou uma ducha e avisou ao marido que a decisão estava tomada: ela sairia do interior rumo a capital paulista, a cidade com a qual mais se identifica.
Mesmo no auge de sua carreira, ela ainda se mostra muito interessada em aprender coisas novas e adora participar de novos projetos dentro da emissora: “Eu me sinto até hoje como uma adolescente em evolução, como se estivesse construindo minha sapiência. Eu tento aprender todos os dias, ainda mais em nossa profissão, porque precisamos encontrar novas formas de nos comunicar”.
Seu colega André Cesar, 48, com quem formou uma equipe de edição no Bom Dia Brasil, a descreve como alguém muito engajada, dedicada e cooperativa no ambiente de trabalho. Ele aponta, inclusive, que a jornalista gosta de participar de todo o processo da notícia:
“Muitas vezes, ela acaba ajudando colegas que estão com um volume maior de trabalho, ajudando na produção de reportagens e buscando personagens que ajudem a contar as histórias. Essa, em princípio, não seria uma das funções do editor, mas o nosso trabalho na TV é feito essencialmente em equipe”.
ERICA PARMA FORA DAS TELAS
A mineira paulista é constantemente descrita por seus familiares e amigos próximos como uma pessoa alegre e contagiante. Tais Caracante, amiga de 20 anos de sua filha mais nova, diz que a Erica é “o tipo de pessoa que ilumina o ambiente quando chega. Sempre alegre, bem humorada e divertida, é gostoso ficar perto dela por seu ótimo astral”. Apaixonada por culinária e corrida, em seus 56 anos coleciona histórias e afetos por onde passa.
A PRIMEIRA PAIXÃO
Aos 12 anos, Erica teve seu primeiro amor. Se apaixonou por um garoto seis anos mais velho, a quem julgava muito adulto, grande. Se reencontraram anos depois, quando disseram que ela pegaria carona com ele para passar a Semana Santa num sítio de amigos. Em meio à mudança de faculdade, o romance floresceu e, após dois anos, se casaram. Apesar de ter durado pouco tempo, Erica diz que não se arrepende: “Meu primeiro casamento foi antes de me formar, eu trabalhava, ganhava um dinheirinho e casei. Foi a pior coisa que eu fiz, mas valeu a pena.”
CINQUENTAGE
Relembrando as amizades da época de faculdade, a jornalista relatou que mantém contato assíduo com duas amigas, duas “Adrianas”. Elas têm um grupo chamado “Cinquentage”: “A gente não se liga todo dia, mas a gente tem um grupo que se chama ‘Cinquentage’, um grupo de cinquentonas. Aí a gente não é vintage, é ‘cinquentage’.”
Uma delas, Adriana Von Krueger, descreveu Erica como “a alegria em pessoa”. Sempre animada, apresentou um olhar diferente aos colegas de turma, deixando muito claro o prazer que sentia em fazer televisão. No início, Erica relatava suas experiências de cobertura com muito entusiasmo, e logo, segundo a própria Adriana, “ganhou asas e voou para longe”.
Conheceu sua melhor amiga, Ivana Back, trabalhando na afiliada da Rede Globo em Sorocaba. Ivana se mudou para lá em 1998 para trabalhar no Tem Notícias, e, de cara, se conectou com o “jeito simpático e hospitaleiro” de Erica. Descrevendo-a com nítida admiração, ela relembra a época em que se tornaram amigas: sempre enxergando o trabalho como um propósito de vida, ética e “mil por cento jornalista”: “Nunca esqueço dela me dando carona em seu Fiat Uno e xingando os motoristas da cidade, que logo concordei com ela – são péssimos mesmo. Não demorou muito para nos tornarmos melhores amigas.”
Juntas, viveram muitos momentos marcantes, felizes, tristes, de suporte mútuo e alguns que é “melhor nem comentar”. Ivana diz que a amiga é puro amor e bondade. Bairrista, chama sua cidade natal de “o país”, não se abala por pouco, tem senso de humor e se emociona falando sobre o “papai” Jovi, seu grande amor.
FAMIGLIA MACHADO
Seu senso comunicativo e apreço por culinária se devem às raízes italianas, que Erica cultiva aprendendo a língua. Ela se comunica com a “Famiglia Buscapé” diariamente, num grupo de Whatsapp que tem com os irmãos. Apegada, relatou que uma das sobrinhas foi sua companheira de quarentena no período que passou em São Paulo, durante a pandemia.
Erica vem de uma família tradicionalmente mineira: grande e receptiva. A jornalista conta que cada um atirou para um lado: “lá em casa temos dois advogados, uma veterinária, uma bióloga, uma enfermeira e eu, que fui para o jornalismo”. Boa parte ainda está em Belo Horizonte, e uma de suas irmãs, Lívia Machado, mora em Gênova, na Itália. Apesar da distância, o laço fraternal permanece forte. Livia está em território italiano há mais de quarenta anos, porém as duas têm o costume de conversar todos os dias.
Antes da morte de seu pai, costumava visitar a cidade mineira todo mês, porém com a pandemia a viagem se tornou mais difícil: “O papai morreu uma semana antes da OMS declarar a pandemia, e aí eu fiquei nove meses sem vê-los. Foi muito difícil, doloroso. Eu não velei meu pai, não tive nem mesmo tempo para ter o período de luto, porque logo já veio aquele tumulto de coisa”. Hoje, Erica tenta ir para Belo Horizonte de dois em dois meses e brinca que precisa de sua “dose de minério de ferro”.
Quando se mudou para Sorocaba, conheceu seu segundo marido, Fábio Gutierres, num famoso bar da cidade na época, o Arara Aurora. “Me apresentaram ele cinco vezes na mesma noite, aí eu precisei ver de quem se tratava”. Os dois se conectaram logo de cara e, após algum tempo, ele a pediu em namoro. Mesmo com suas diferenças, os dois parecem se completar.
“Eu gosto de gente diferente de mim. Imagina se fôssemos iguais! Ele nunca se casaria comigo e nem eu com ele.”
Foi então que, quando decidiu iniciar seu mestrado em semiótica na PUC de São Paulo, teve sua primeira filha, Isadora, aos 34 anos. Num intervalo de um ano e dez meses, a cegonha bateu em sua porta novamente, trazendo sua caçula Helena, que veio de surpresa. “Eu brinco que pedi a Isadora a Deus e a Helena ele enviou porque achou que seria bacana.”
MÃE DE TRÊS
Erica comenta que sempre teve o jornalismo como seu “filho mais velho”, por isso optou por ser mãe quando já estava melhor estabelecida em sua carreira, mas ainda assim foi difícil conciliar a maternidade com o trabalho. Em seu emprego anterior, muitas vezes, precisou faltar aos compromissos de suas filhas por horários abusivos. Desabafa que se sentia desrespeitada como mulher e mãe: “Eu saía de casa às oito da manhã, não tinha hora pra voltar. Médico era o Fábio quem levava e dia das mães eu tinha que chorar para me liberarem.”
Sobre isso, sua filha mais nova, Helena Machado, 20, comenta: “Quando eu era pequena era mais difícil. Quando eu precisei ela esteve comigo, mas tiveram vezes em que ela se ausentou de aniversários ou apresentações de piano, e eu não entendia porque ela preferia estar no trabalho do que em casa junto de nós. Hoje eu sei que não era bem assim. Eu enxergo e admiro muito o fato de que ela nunca deixou de ser Erica para ser mãe. Ela arrumou um jeito de cumprir os dois papéis, e eu acho que isso é muito importante.”
A amiga de infância de Helena, Tais, conta que ela sempre tentou juntar seus dois mundos, convidando suas filhas e amigas para participarem de entrevistas para os programas.
“Me lembro de uma festa que a Erica organizou para a Helena e Isadora. Repleta de comidas gostosas, cupcakes e brincadeiras, ela chamou a equipe da TV Tem para gravar e depois exibir no programa. Foi uma experiência muito divertida.”
Na questão da maternidade, Erica se descreve como uma mãe mais liberal, aberta ao diálogo, mas que nunca deixou de exigir respeito e uma boa educação das meninas.
“Ela sempre deixou claro que estava ali, disposta a ter uma conversa, e hoje eu sei que posso contar com ela para qualquer coisa. Claro que em alguns momentos ela é mais severa, acho que porque ela sempre esperou que eu e Isadora nos tornássemos seres humanos excepcionais”, comenta Helena.
Isadora estuda odontologia na Universidade de São Paulo e mora com a mãe, já Helena hoje está a mais de 500 quilômetros de distância de sua mãe, estudando Letras na Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Quando se encontram, é como se nunca tivessem saído do lado uma da outra:
“A minha mãe é um furacão, ela transmite uma energia contagiosa que torna impossível ficar parado ao lado dela. Se ela fosse um sentimento, seria a paixão. Quando estamos juntas, gostamos de unir um vinho, queijos e boas músicas para colocar a conversa em dia, contar coisas que você só consegue falar cara a cara. Às vezes é bastante dramático e intenso, a gente chora e se abraça, mas é sempre muito bom.”
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DA VINCI E MONALISA
Amante dos animais, Erica deu para a filha mais nova uma cachorrinha Dachshund, “salsichinha”, quando a menina tinha 9 anos. Monalisa, apelidada carinhosamente de Mona, é parte da família. A mascote vive em Sorocaba com o marido de Erica, Fábio. Ela conta que nunca é fácil se despedir de Mona: “Eu quase morro, eu sinto falta. Pra você ter uma ideia, eu me despeço da Helena e não choro, me despeço da Mona e choro. É minha companheira, um amor incondicional, eu amo.”
Erica fez questão de fazer com que Mona tivesse filhotes, querendo que Isadora e Helena vissem um bebê nascendo. O filho único, Da Vinci, era apegado à mãe na mesma medida em que Mona era apegada à Erica. Passaram as primeiras semanas de Da Vinci na cama dela, forrada com plástico para acomodar os dois.
FIM DE PAPO
A conversa foi concluída com bolo de cenoura e limonada suíça, que Erica fez a pedido de Isadora. Logo depois, insistiu em levar as meninas para a estação de metrô Alto da Boa Vista, na linha lilás. Em meio à risadas, conversaram sobre a faculdade e suas estratégias para evitar roubos em São Paulo. O grupo, então, seguiu rumo à Cásper Líbero, onde teriam aula, aguardando ansiosamente pela próxima conversa que teriam com Erica.
Fonte: Cásper Líbero.
Autoras: Ana Luiza Messenberg, Leticia Riby, Maria Laura Mazo e Victória Gorski.