Adriana Negry Leite do Egito é oficial de proteção na Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) em Rzeszow, na Polônia, região de fronteira que segue recebendo pessoas da Ucrânia, especialmente mulheres e crianças.
Em 24 de fevereiro de 2023, um ano após a invasão russa na Ucrânia, mais de 13 milhões de pessoas permanecem longe de suas casas, incluindo 8 milhões de refugiadas em toda a Europa e mais de 5 milhões de deslocadas internas na Ucrânia.
Na linha de frente desta imensa resposta humanitária, a brasiliense Adriana Negry Leite do Egito dedica seus dias para prover atenção e mecanismos de proteção a pessoas refugiadas da Ucrânia em Rzeszow, Polônia, região de fronteira entre os dois países.
Adriana é oficial de proteção na Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e coordena, desde junho, um centro comunitário para pessoas ucranianas em busca de proteção internacional. Seu trabalho é assegurar os direitos da população refugiada na comunidade de acolhida, realizando um trabalho de escuta ativa sobre as demandas existentes e busca de soluções efetivas para construir ambientes seguros da perspectiva física e mental.
Graduada em Direito e em Relações Internacionais, Adriana é trabalhadora humanitária há 16 anos, e já atuou em diferentes agências da ONU na República Dominicana, Panamá e Venezuela, onde, em 2018, iniciou sua jornada no ACNUR. Da fronteira entre a Venezuela e a Colômbia, Adriana optou por atuar na resposta humanitária na Polônia em busca de novos conhecimentos e para somar com sua experiência construída.
“Estar a serviço de pessoas em situação de extrema vulnerabilidade faz muito sentido para mim. É por isso que trabalho para o ACNUR em diferentes lugares do mundo, tendo chegado a Polônia sem ter qualquer certeza sobre os desdobramentos do contexto na Ucrânia”, diz Adriana.
Ela relata que o centro comunitário em Rzeszow busca oferecer uma resposta integral a famílias ucranianas que chegam ao país vizinho trazendo consigo apenas alguns de seus pertences, vivendo na incerteza de quando conseguirão retornar e mesmo do que encontrarão.
De acordo com as estatísticas de registro do ACNUR, 90% das pessoas refugiadas da Ucrânia na Polônia são crianças, mulheres e idosos. Enquanto alguns refugiados encontraram oportunidade de trabalho para recomeçar suas vidas, outros continuam construindo suas perspectivas futuras. No centro comunitário, essas pessoas encontram aulas de polonês, informações, documentação, apoio psicossocial, atividades artísticas e estrutura para trabalho remoto, estudo e comunicação com seus familiares.
No contexto do deslocamento forçado, encontrar emprego é um desafio ainda maior para mães solo com filhos pequenos. Por isso, o centro também oferece recreação e atividades recreativas para crianças.
Apoio comunitário
Adriana conta que a receptividade dos poloneses e a resposta das diferentes instâncias de governo têm sido exemplares, envolvendo diferentes formas de apoio inclusive por iniciativa da população civil organizada, ampliando a capacidade de resposta do estado.
Como destacado pelo ACNUR, a grande maioria das pessoas refugiadas e deslocadas internas da Ucrânia – cerca de 77% e 79%, respectivamente – quer voltar para casa um dia. No entanto, apenas 12% planejam fazê-lo nos próximos três meses.
As perspectivas de retorno para casa na Ucrânia em um futuro próximo são incertas pelas contínuas hostilidades, insegurança e destruição em suas regiões de origem.
Fonte: ACNUR.